Cemitério de Santo Amaro perto do tombamento

A iniciativa foi do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural que decidiu, por unanimidade,dar início ao processo
Editoria de Cidades
Publicado em 01/11/2016 às 19:37
A iniciativa foi do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural que decidiu, por unanimidade,dar início ao processo. Foto: Foto: JC Imagem


Localizado na área central do Recife, o Cemitério do Senhor Bom Jesus da Redenção, popularmente conhecido como Cemitério de Santo Amaro, é o maior da cidade e o local onde estão corpos de personalidades e heróis do Estado, como Joaquim Nabuco, do governador Manoel Borba, do Conde da Boa Vista entre outros. Com arquitetura ímpar, o espaço é a maior exposição de arte ao ar livre de Pernambuco e está a alguns passos do tombamento.

A iniciativa foi do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural que decidiu, por unanimidade, em reunião, na manhã desta terça-feira (1º), dar início ao processo. A ideia é de que, além da proteção, sejam desenvolvidas políticas públicas que visem estimular atividades para utilizar o cemitério, como ocorre em outras partes do Brasil e do mundo.

“No mundo todo e no Brasil discute-se hoje sobre cemitérios como lugar de preservação do patrimônio, de salvaguarda da história de um povo. Estávamos, no Conselho de Preservação, debatendo sobre garantir a proteção deste espaço tão importante que é o cemitério de Santo Amaro, o maior de Pernambuco, e certamente o que guarda valiosas obras de arte, em forma de esculturas belíssimas que também podem passar a fazer parte de um roteiro de turismo cultural, como acontece com o Père Lachaise, em Paris, ou da Recoleta, em Buenos Aires”, diz a presidente da Fundarpe e do Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco, Márcia Souto.

O pesquisador Leonardo Dantas Silva, do Conselho de Preservação, foi o responsável por justificar por que o cemitério merece ser tombado. Ele destacou a arquitetura do local, pensada pelo engenheiro francês, Louis Vauthier, e executada por José Mamede Alves Ferreira, engenheiro de Obras Públicas do Recife; a beleza e imponência de diversos túmulos, mausoléus e da capela no centro do cemitério. “O cemitério é um livro de história viva. O Conde da Boa Vista está enterrado lá, o governador Eduardo Campos está lá. Não é um cemitério qualquer”, conta Dantas.

Essa é a primeira fase do processo de tombamento. Segundo Márcia Chamixaes, gerente-geral de Preservação do Patrimônio Cultural da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), a proposta será encaminhada ao secretário de Cultura do Estado, Marcelino Granja, que deve decidir sobre o pedido em até 48 horas. Após esse prazo, se aprovado, o processo será analisado por uma equipe técnica da Fundarpe. “Estando tudo nos conformes, o processo volta ao conselho, que vota novamente, desta vez para tombar o cemitério. Vale ressaltar que, enquanto o processo estiver em andamento, o local estará protegido”, afirma a gerente.

Inaugurado em março de 1851, o cemitério de Santo Amaro foi construído após o Recife passar por uma série de epidemias, como a de febre amarela. Quem morria em decorrência deste tipo de doença, não podia ser enterrado nas igrejas, como era costume na época. A partir daí, surgiu a necessidade de construir um cemitério público.

DESENHOS

Os primeiros desenhos do cemitério são do engenheiro francês Louis Vauthier, também responsável pelo Teatro de Santa Isabel. Sua arquitetura é radial, com túmulos distribuídos ao longo de ruas que partem de um ponto central. A capela de estilo gótico, construída por volta de 1853, também merece destaque. As árvores têm o papel de atenuar a atmosfera.

O espaço tem 145 mil metros quadrados de área, 20.520 túmulos e 9.296 ossuários. Durante o mês, uma média de 18 mil pessoas visitam o cemitério, na Rua Marquês do Pombal, Santo Amaro. O valor do sepultamento varia entre cova (R$ 10 para criança e R$ 20 para adultos) e gaveta (R$ 55 para criança e R$ 75 para adultos).

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