A água suja e mal cheirosa divide espaço com uma enorme quantidade de lixo e é ladeada por margens de terra batida também cheias de materiais descartados, mato, entulhos, móveis velhos e até banheiras enferrujadas. Essa é a realidade do Canal do Arruda, que tem 3,8 km de extensão e corta dez bairros da Zona Norte do Recife. Quase quatro anos após a Prefeitura do Recife anunciar um projeto para requalificar a área, a promessa, que previa a limpeza e dragagem da construção, implantação de espaços de lazer, ciclovias, pista de cooper, quiosques e passarelas para pedestre - ainda não foi cumprida.
A obra até chegou a ser iniciada, em julho de 2014, mas cerca de três meses depois tudo parou. Hoje se tornou uma memória distante na memória da população da área, que nem sabe ao certo quando houve a presença de trabalhadores ali. “Assim, já faz um tempo que disseram que iam arrumar tudo isso aqui. Eu acho que uns dois anos ou mais. Não sei. Até começaram a limpar ali perto do estádio, mas pararam logo. E a gente nunca viu nenhuma ciclovia ou pista para caminhar, a gente só vê lixo mesmo”, afirma Patrícia Alves, 27 anos, dona de um comércio nas redondezas.
A obra, originalmente orçada em 83 milhões de reais, foi dividida em duas etapas. A primeira tinha 2,7 quilômetros de extensão e contemplava o trecho da Avenida Norte até a Rua Petronila Botelho, de esquina com o Estádio do Santa Cruz, onde o canal tinha as margens revestidas e o serviço até chegou a ser iniciado. A outra etapa compreendia os 1,2 km restantes, entre a Rua Petronila Botelho e o Rio Beberibe. O trecho não conta com nenhuma proteção na beira do canal e, de acordo com moradores, nem chegou a sofrer qualquer intervenção.
O lixo é a principal reclamação ddos moradores da região. Eles relatam que a coleta é feita regularmente, mas os entulhos ficam no canal por um bom tempo. “A pior parte é que o povo também não ajuda. Esses dias eu vi um vizinho jogando dois sofás aí no canal e quando fui reclamar, ele nem ligou”, conta o aposentado Joaquim André. A falta de limpeza do canal preocupa a todos pela iminência da proliferação de doenças e o mau cheiro. “No ano passado teve aquele surto de zika, a gente fica com medo, né?”, completa Patrícia Alves.
A área mais crítica fica nas proximidades do Bompreço e do Estádio do Arruda. A grande quantidade de entulhos formou um tapete de grrafas PET e outras embalagens plásticas sobre a água fétida do canal. Algumas pessoas dizem que o trecho está assim há pouco mais de um mês e cobram uma solução por parte da Prefeitura do Recife. "O poder público tem o dever de desobstruir o canal, removendo esse lixo o quanto antes", afirma Edmilson Silva, morador da Avenida Professor José dos Anjos.
Em nota, a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informou que a limpeza de todos os canais do Recife são realizadas ao menos, uma vez por ano. Em 2016, a intervenção no Canal do Arruda ocorreu entre os meses de abril e junho, a um custo de R$ 225 mil e removeu cerca de 260 toneladas de resíduos. A Emlurb garantiu que vai verificar a situação do local para programar uma nova limpeza, mas ressalta a importância do apoio e da conscientização da população para evitar o descarte irregular de lixo no canal.
Quatro caçambas instaladas no entorno do canal estão aptas para o recebimento de entulhos. Além disso, desde outubro de 2015, o bairro conta com a oitava EcoEstação, inaugurada pela Prefeitura do Recife, na Rua Professor José dos Anjos.
A Empresa de Urbanização do Recife (URB) irnformou que está empenhada na retomada do projeto de requalificação do curso d'água e que contunuará buscando recursos para concluir os demais trechos do canal e a construção de áreas de lazer elevadas. Explicou que as obras foram paralisadas por falta de repasse de recursos federais.