Dez nações de maracatu de baque virado reuniram-se nesta segunda-feira (20) no Sítio Histórico de Olinda para reverenciar seus ancestrais na Noite dos Tambores Silenciosos. Milhares de pessoas acompanharam o culto, que foi aberto pouco depois das 20h pelo Maracatu Leão Coroado, Patrimônio Vivo de Pernambuco.
Depois de seguirem em cortejo da Igreja de São Pedro Apóstolo até os Quatro Cantos, as nações passaram pela Rua do Amparo e finalizaram a caminhada no largo da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, onde, à meia-noite, público e tambores ficaram em silêncio para o ponto alto da cerimônia.
O Maracatu Leão Coroado abre a Noite dos Tambores Silenciosos, em Olinda, na noite desta segunda-feira pic.twitter.com/3FwdxZZJbA— Jornal do Commercio (@jc_pe) 20 de fevereiro de 2017
“Cada nação de maracatu está aqui para reverenciar o seu orixá. Nós temos obrigações a cumprir nesta época de Carnaval tanto no terreiro quanto na rua e isso é uma questão muito séria para a gente. Muitas pessoas pensam que saímos pela folia ou que maracatu é coisa de negro, que é macumba, e a desinformação acaba se propagando. Maracatu é candomblé. Estamos aqui pela fé”, explicou José Silva de Assunção, conhecido como mestre Nininho no Maracatu Bate Livre Batucada Badia.
Além do Leão Coroado e do Badia, participam da celebração os maracatus Maracambuco, Camaleão, Axé da Lua, de Luanda, Nação Pernambuco, Estrela de Olinda, Tigre e Almirante do Forte.
O vendedor Sílvio César, de 29 anos, é natural de Juazeiro do Norte, no Ceará, mas há dez anos passa seus Carnavais em Pernambuco. Apesar disso, ainda não conhecia a Noite dos Tambores Silenciosos. “Está sendo tudo muito bonito até agora. O Carnaval do Recife e de Olinda é o mais democrático do Brasil. Brinca o jovem, o idoso, a criança, todo mundo aproveita. Lá no Ceará não é assim não. As cidades ficam desertas nesse período do ano”, relatou.
No Recife, o ritual será realizado na segunda-feira de Carnaval (27), às 20h, no Pátio do Terço, bairro de São José, área central da cidade. De acordo com a Secretaria de Cultura de Pernambuco, mais de 20 nações de maracatu participarão do tradicional culto.