Caranguejo Tabaiares ganha bicicletas compartilhadas gratuitamente

Moradores contarão com 20 bikes e duas estações de manutenção. É só se cadastrar para pegar a magrela
Margarette Andrea
Publicado em 08/03/2017 às 7:39
Moradores contarão com 20 bikes e duas estações de manutenção. É só se cadastrar para pegar a magrela Foto: Ricardo Labastier/JC Imagem


Mais do que um meio de transporte sustentável, a bicicleta também pode ser um exercício. Não apenas físico, mas de cidadania, de coletividade, de bom senso. Esse é o desafio do projeto Bota pra Rodar, que chega à comunidade Caranguejo Tabaiares, entre os bairros de Afogados e Ilha do Retiro, na Zona Oeste do Recife, a partir do próximo domingo, levando 20 bikes para serem compartilhadas gratuitamente entre seus cerca de 4 mil moradores.

O projeto é uma iniciativa da Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo) e começou há um ano, com a arrecadação de bicicletas sem uso para serem recuperadas. Jovens foram convidados a participar de nove oficinas, no período, onde aprenderam a montar, desmontar e pintar as magrelas. Agora, elas serão entregues oficialmente aos moradores, junto com duas estações de manutenção e bicicletários, para que eles administrem o sistema.

“Todas as bicicletas terão cadeado e serão numeradas. Quem quiser usá-las deverá se cadastrar na biblioteca e pegar as chaves, devolvendo ao final do dia”, explica o coordenador da biblioteca comunitária, Reginaldo Pereira, 34 anos. O local funciona das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h, de segunda a sexta-feira. “Quem pegar no final do dia na sexta deverá ficar com a bicicleta no final de semana”. 

Não haverá penalidade em caso de atraso, roubo, quebra ou outro problema. “O projeto é desafiador, pela cultura que temos de apropriação. Ele desperta o senso de unidade, de respeito e de princípios. Mas não estabelecemos qualquer tipo de multa. Vamos contar com a consciência de cada um”, destaca.

A ação envolveu o Clube de Idosos, União dos Moradores e Grupo de Capoeira da Caranguejo Tabaiares. O estudante Elisson Felipe Silva, 27, capoeirista que atua em projeto social na comunidade onde nasceu, participou de todas as etapas da ação, inclusive das oficinas, que chegaram a mobilizar 23 jovens. E está otimista. 

“Muita gente não tem condições de comprar uma bicicleta e poderá usá-las para trabalhar, ir à praia, ir buscar as crianças na escola, fazer feira (algumas já virão com cesto), vai ajudar bastante. Quem fez as oficinas se dispôs a colaborar na manutenção”, afirma ele, que já tem sua própria bike. “O pessoal da Ameciclo chegou a flagrar aqui uma bicicleta com cinco pessoas, é arriscado, mas é questão de carência mesmo”.

NOVOS PROJETOS

Um dos coordenadores do Bota pra Rodar, Daniel Valença, da Ameciclo, explica que a entidade arrecadou 40 bicicletas, mas algumas não tinham condições de serem recuperadas, apenas de se utilizar peças. Outras foram montadas e entregues a participantes das oficinas. “Vamos continuar dando uma assistência voluntária à comunidade, este ano, mas a ideia é que os moradores tomem conta do projeto, que queremos levar a outras áreas”, observa. O objetivo é priorizar Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis).

Segundo Daniel, a Ameciclo contou com apoio do Fundo Socioambiental Casa - uma organização não governamental, que financia pequenos projetos. “Recebemos R$ 30 mil para aquisição de peças, material gráfico, divulgação, estações e pagamento de oficineiros e coordenadores. Vamos atrás de novos patrocínios”.

O Estado já tentou lançar um projeto de bicicletas compartilhadas nos bairros, mas não conseguiu apoio para implementá-lo. Há cinco anos, o Grande Recife conta com o programa BikePE, um sistema de aluguel compartilhado com 79 estações, mas que está sucateado, com muitas reclamações de equipamentos quebrados, redução do número de bicicletas e problemas na tecnologia utilizada.

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