Os números são confusos. Enquanto o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco aponta a ocorrência de 750 assaltos a ônibus este ano (uma média de 11,3 por dia), a Secretaria de Defesa Social (SDS) contabiliza 401 (média de 6 por dia). Mas ambos apresentam um aumento significativo em relação a 2016, quando a média foi de 5,4 segundo a entidade de classe e 3,34 conforme o governo. Para quem usa o transporte público, a sensação é de completa insegurança e abandono.
É o caso do servidor público Ednaldo Tertuliano, 54 anos, que já vivenciou uma tentativa de assalto na linha Alto da Bondade, quando passava pela Avenida Presidente Kennedy, em Olinda, no Grande Recife, no ano passado. Ele conta que dois homens armados anunciaram o assalto, um passageiro reagiu e houve troca de tiros. Um suspeito morreu e outro fugiu ferido.
“Muita gente se feriu ou passou mal, foi um desespero. Depois disso você fica com os nervos à flor da pele, desconfia de todo mundo, é uma sensação de pânico”, desabafa Ednaldo. Ele critica a reação do passageiro por ter colocado a vida dos outros em risco, mas acredita que a população começa a reagir por não aguentar mais tanta violência. “Falta segurança em todo canto e também falta emprego. Acho que muita gente envereda pelo caminho do crime porque não vê alternativa”.
Depois de muito pressionar o governo por providências, o Sindicato dos Rodoviários procurou, ontem, a Câmara Municipal do Recife, pedindo uma audiência pública para discutir o assunto. O vereador Rinaldo Júnior (PRB) já agendou o encontro para o dia 24, às 9h. “Chega! Temos de dar um basta. Os assaltos nos coletivos têm que acabar. A gente não pode perder o direito de andar de ônibus”, proclamou o parlamentar em plenário, convocando os demais para a audiência.
O major Alexandre Tavares, coordenador da Operação Transporte Seguro, diz que o policiamento foi reforçado no dia 19 de janeiro. “De lá para cá já encaminhamos 31 suspeitos à delegacias e apreendemos 12 armas de fogo, além de três quilos de maconha, 110 pedras de crack e armas brancas. Também recuperamos vários celulares, relógios e outros pertences roubados. Temos feito pelo menos 20 bloqueios por dia e se olharmos os números deste ano, há uma curva decrescente”, salienta.
O Sindicato das Empresas de Transporte Público de Passageiros (Urbana-PE) diz que vem trabalhando para reduzir o dinheiro dentro dos ônibus, por meio da bilhetagem eletrônica, e investido em câmaras de melhor qualidade, além de colaborar com as investigações.
“Os números são absurdos e estamos procurando todos que podem nos ajudar. Pela CLT, ninguém é obrigado a trabalhar pondo em risco sua vida”, observa o diretor de comunicação do Sindicato dos Rodoviários (que já ameaçou para pela violência), Genildo Pereira.