Os aniversários de Olinda e do Recife serão comemorados neste domingo (12), e as programações vão contemplar todos os gostos e idades. Para celebrar os 482 anos da Marim dos Caetés e os 480 da capital pernambucana, haverá opções que vão de atividades esportivas - como a Corrida das Ladeiras, em Olinda - a shows musicais, como o de Almir Rouche, na Praça do Marco Zero, no Recife. Tudo com cobertura em tempo real dos veículos do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC).
Quem mora nas cidades irmãs e há muitos anos acompanha o dia a dia das duas pelo Jornal do Commercio tem na ponta da língua o que mais ama e o que não gosta nos municípios. "O Recife seria perfeito se não fosse o trânsito e os alagamentos em tempos de chuva", diz o bancário aposentado Pedro Alves Queiroz, 101 anos, e há 20 anos assinante do JC. Morador do bairro das Graças, na Zona Norte, ele devota o início das manhãs à leitura das notícias. Ao lado da esposa, Lurdes, 92 anos, com quem é casado há sete décadas, ele diz ter orgulho de haver construído uma família de seis filhos, dez netos e 12 bisnetos na capital pernambucana. "Somos da Paraíba, viemos morar aqui em 1959 e nunca mais voltamos", diz Lurdes.
O septuagésimo aniversário de casamento dos dois ainda está fresco na memória: foi celebrado no último dia 1º de março. "Daquele dia, em 1947, para cá, o amor só fez aumentar", completa ele, aproveitando para uma declaração de amor à esposa: "Se ela não tivesse aparecido na minha vida, eu provavelmente não seria nada. Seria mais um solteirão sem rumo, perdido". De volta, recebe dela um recado na mesma intensidade: "Você é o meu amor, a razão da minha vida".
O servidor público aposentado Ivaldo Lins e Silva, e a esposa, Maria Antônia Wanderley Lins e Silva, também compartilham o hábito de acompanhar os destinos do Recife através do JC. Ivaldo está no 19º ano de assinatura, e, aos 93 anos, não começa o dia sem a leitura do jornal. Com a mesma idade, Maria Antônia elege o clima do Recife como a coisa de que mais gosta. "É um calor na medida certa, muito gostoso. O que eu não gosto muito é da agitação do dia a dia", diz ela, advogada aposentada. A história dos dois é inusitada: namorados de adolescência, nos anos de 1930, seguiram caminhos diferentes. Até que se reencontraram no início dos anos 2000, quando já estavam ambos na casa dos 80 anos, ele viúvo, ela solteira. Apaixonaram-se de novo, casaram e, desde então, vivem juntos no bairro de Casa Forte, também na Zona Norte do Recife. "Na verdade, eu esperei por ele mais de 60 anos", admite Maria Antônia.
Auditor fiscal aposentado, José Guedes de Andrade, 90 anos, lembra bem quando resolveu deixar a casa alugada na Estrada do Arraial, Zona Norte do Recife, para alcançar o sonho da moradia própria em Olinda. "Foi em 1954, através de uma linha de financiamento. Nunca mais saí daqui", conta, na casa que construiu e onde mora há 63 anos, em Bairro Novo. Assinante do JC há 11 anos, ele usa o jornal para acompanhar as notícias da cidade. "Olinda já foi um lugar bem melhor. Tinha menos agitação, era quase uma cidade de interior. Evoluiu em alguns aspectos, como nos serviços, mas em outros ainda deixa muito a desejar", diz ele, citando a infraestrutura como principal calo do município.
"A conservação é ruim, as calçadas são intransitáveis, e o saneamento é uma calamidade. Muito disso é culpa de administrações fracas que o município teve ao longo dos anos", opina. O aposentado aponta Germano Coelho (prefeito por duas vezes, entre 1977 e 1980, e de 1990 a 1996) e Luciana Santos (2001-2008) como os únicos bons administradores que a Marim dos Caetés teve. José Guedes mora com a esposa, e a casa sempre recebe as visitas dos quatro filhos, nove netos e dez bisnetos do casal.