A revitalização do Cais de Santa Rita - que terá uma primeira etapa inaugurada em junho e deve ser concluída até o final do ano - está diretamente ligada ao ordenamento dos ambulantes que atuam no entorno do Mercado de São José, ambos no Centro do Recife. Além de remanejar vários comerciantes do local para o Cais, a prefeitura prevê a realocação dos que atuam em 110 barracas ao redor do mercado, vendendo ervas medicinais, produtos naturais, frios e bombonieres, para quatro prédios anexos, cujas obras já foram concluídas há meses. Faltam apenas os quiosques para abrigar os comerciantes.
Mas eles não têm pressa. “Em uma crise dessa, sair para outro ponto é complicado. Sabemos que o espaço é nosso. É um direito adquirido. Mas para que pressa?”, declara a comerciante Maria da Conceição Tavares, 59, que atua no mercado e entorno há três décadas. Com um comércio ambulante que só faz crescer na área, Ceça, como é conhecida, diz que tem medo de deixar o local e o espaço ser ocupado por novos ambulantes.
O aposentado Miguel Silva, 65, comenta que gosta de fazer compras no local, mas critica a desorganização. “Para estacionar é ruim, para caminhar é ruim... Em muitos lugares por aí um mercado como esse é valorizado, limpo, organizado. Aqui não tem padrão de organização nem de limpeza. As ruas são cheias de buracos”, critica. “Esse anexo é bom para os clientes, sobretudo em dias de chuva, mas para o vendedor é difícil fazer novo ponto. É cultural”.
Em julho passado, parceria da prefeitura com a Secretaria de Turismo do Estado viabilizou obras de recuperação do piso e acessibilidade no entorno do mercado, mas o serviço só deverá ser concluído após a realocação dos ambulantes.