Mudar a vida dos adolescentes de comunidades carentes através de intervenções artísticas. Esse é o objetivo da ação promovida pelo Instituto Shopping Recife, através do Projeto Me Maker e do Coletivo Cola Rato na Comunidade Entra Apulso, Zona Sul do Recife. Os 31 jovens com idades entre 13 e 17 anos, que há cerca de 15 meses participam de aulas sobre robótica e expressão artística dentro do instituto, puderam vivenciar mais a fundo a arte, através da confecção de lambe-lambes e robôs feitos de sucata.
Nesta terça-feira (31), os jovens do Instituto colaram os lambe-lambes pelas ruas da comunidade, como uma maneira de externar sua experiência artística, e também como finalização da primeira turma do Projeto Me Maker na instituição. “O lambe-lambe é uma forma de as pessoas falarem sobre si mesmas com autonomia. E quando isso envolve adolescentes, tem mais importância, por ser uma maneira de entendimento do mundo e de sociedade”, explicou Mário Miranda, um dos integrantes do Coletivo Cola Rato, que ministrou a oficina de confecção da arte para os adolescentes. Os adolescentes percorreram pontos importantes da comunidade para colar os lambe-lambes, como a Escola Estadual Inalda Spinelli.
Para a psicóloga Mônica Bouqvar, criadora do Projeto Me Maker, que organizou a intervenção na comunidade, pois esse era um desejo dos próprios adolescentes, o Me Maker nasceu da inquietação dela e dos amigos com a atual conjuntura social. “O projeto nasceu da inquietação, de ver falta de oportunidade para os adolescentes de baixa renda. Quis que eles pudessem ter oportunidades para escreverem seu próprio destino e fazer diferente do que já se espera deles”, detalhou.
E já é possível ver os frutos do projeto na vida dos jovens. Para Ivan Mateus, 16 anos, o projeto lhe trouxe uma nova visão sobre a expressão artística. “Aqui eu construí uma nova família, e também aprendi várias coisas, sobre como programar, como dublar. E o mais importante de tudo foi entender que robótica não é só robô, é também uma expressão artística”, explicou o jovem. Já para Wilames Alexandre, de 16 anos, através da arte é possível fazer a diferença na comunidade. “É muito gratificante fazer parte desse projeto, por mostrar à comunidade que a gente pode fazer a diferença e construir o nosso futuro através da arte e da coletividade”, afirmou.
A ação de ontem também chamou a atenção de outros jovens da comunidade, como Gabriela Petronila, de 18 anos. Após ver o início da atividade pelas redes sociais, a estudante resolveu se juntar ao grupo. “Sempre acompanhei as ações do instituto pelas redes sociais, mas nunca tinha tempo para participar. Hoje, deu tempo, e resolvi vir ajudar. Acho que é muito legal o que fazem e pretendo continuar participando sempre”