Quando aportaram na vila de Olinda para fundar o Mosteiro de São Bento, em 1586, os monges beneditinos tiveram como primeira morada a Igreja de São João Batista dos Militares, no Amparo. Depois, transferiram-se para a Igreja do Monte, no bairro de mesmo nome. Curiosamente, as duas edificações escaparam do incêndio holandês em 1631. Talvez por estarem afastadas do que se poderia chamar o Centro da cidade naqueles tempos.
Mas não é nem em uma nem na outra que os monges vindos de Portugal para o Brasil fixam residência. Os beneditinos constroem o mosteiro de 1586 a 1592 num terreno no atual bairro do Varadouro. O convento, elevado a abadia em 1596 (século 16), é destruído no incêndio provocado pelos holandeses calvinistas no século 17. Reconstruído, passa por várias intervenções e hoje se apresenta como um edifício religioso barroco do século 18.
“A obra de reconstrução terminou em 1761 e alguns anos mais tarde, em 1860, frei Filippe de São Luís Paim faz uma grande intervenção no prédio, com acréscimos e modificações”, informa dom Luiz Pedro Soares, 107º abade do Mosteiro de São Bento. No ano de 1895, seis anos após a Proclamação da República, novos beneditinos ingressam no País para repovoar o então esvaziado mosteiro de Olinda.
Os monges desembarcam em Olinda, alguns ficam na cidade e outros se dirigem à Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Quixadá (CE) entre outras localidades, diz o abade. “É o primeiro grupo de religiosos que chega para ajudar a restaurar o mosteiro, vieram muitos alemães, eles têm espírito missionário, são acostumados a sair das suas terras e enfrentar desafios em novos lugares”, comenta dom Luiz.
Uma cruz afixada na Sala Capitular, onde os monges se reúnem para tomar decisões importantes para a vida do monastério, foi trazida da Bélgica para Olinda pelos missionários de 1895. A sala, cheia de vitrais com motivos religiosos, está inserida no projeto de restauração dos bens móveis integrados (parte artística) do Mosteiro de São Bento, aprovado pelo PAC Cidades históricas, programa financiado com recursos do governo federal.
O projeto, que está sendo desenvolvido há dois anos por uma empresa contratada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), contempla todo o conjunto arquitetônico do mosteiro: altares laterais e tribunas para as antigas pregações dos padres na igreja, capela abacial, sacristia, Sala Capitular e outras áreas do convento. É um dos principais projetos do PAC, diz o engenheiro do Iphan Frederico Almeida.