Bebida, direção, alta velocidade, avanço de um sinal vermelho e três famílias destruídas. Nesta segunda faz um ano do trágico acidente ocorrido no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife, que deixou três pessoas mortas e duas gravemente feridas. Familiares e amigos da servidora pública Maria Emília Guimarães, de 39 anos, e do filho Miguel Neto, 3 anos, se reúnem em uma missa em memória dos dois, na capela do Colégio Damas, nas Graças, às 19h30. A outra vítima fatal foi a babá Roseane Maria de Brito, 23, grávida de três meses, que deixou uma filha, hoje com 4 anos.
No acidente, ficaram feridos o marido de Maria Emília, o advogado Miguel Filho da Motta Silveira, 47, e a filha do casal Marcela da Motta Silveira, 7, que ficou com várias sequelas de ordem motora e passou por várias cirurgias, a primeira para colocar uma calota craniana artificial. Na quinta-feira, Miguel concedeu entrevista ao JC, na qual abriu o coração, dizendo que tem esperança na recuperação completa de Marcela. “Tem hora que você deprime, mas você tem que ser forte para mudar o foco. Não tenho o direito de cair se ela está aqui do meu lado. Eu tenho que ser mais forte do que ela, tenho que ajudá-la”, declarou, muito emocionado.
A mãe de Roseane, Severina Josefa da Conceição, que mora no distrito de Caueiras, em Aliança, na Zona da Mata, preferiu não falar com a imprensa. Ela ficou com a guarda da neta, Valentina, que ainda pergunta, diariamente, se a mãe não vai voltar. Em outras entrevistas, ela dizia que só quer justiça. Miguel também disse que quer ver o responsável sendo condenado. “Não sinto nada por ele. Nem lembro dele. Se passar na minha frente nem sei quem é. Eu só quero que pague pelo que fez. Pela vida que escolheu... não tenho espaço para raiva, rancor”, desabafou.
O motorista que provocou o acidente, João Victor Ribeiro de Oliveira Leal, 25, está preso no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife, desde o dia do acidente. Ele foi indiciado por três homicídios e duas tentativas de homicídio, triplamente qualificados. Em entrevista ao JC, dias depois do acidente, o pai dele, Bruno de Oliveira Gomes Leal, 51 anos, pediu perdão às famílias, disse que estava sofrendo muito e que o filho era dependente químico, não um assassino. E iria pagar pelo que fez, mas precisava de tratamento.
A justiça já negou dois habeas corpus e um pedido de liberdade provisória para João Victor. Ele vai a júri popular, mas ainda não há data marcada para o julgamento. A perícia constatou que ele dirigia, alcoolizado, a 108 quilômetros por hora e avançou o sinal, atingindo o carro que Miguel conduzia a 30 quilômetros por hora.