Marcha da Maconha: recifenses pedem liberação da droga

A 12ª edição da Marcha da Maconha reuniu um público diversificado no Centro do Recife neste sábado, 18 de maio
Da Editoria Cidades
Publicado em 18/05/2019 às 18:32
A 12ª edição da Marcha da Maconha reuniu um público diversificado no Centro do Recife neste sábado, 18 de maio Foto: Foto: Luisi Marques/TV Jornal


Há quatro anos, Elaine Cristina da Silva recorre ao uso medicinal da cannabis para controlar crises convulsivas graves no filho, que nasceu com hemimegalencefalia, uma malformação cerebral rara. Antes de descobrir o tratamento alternativo para aliviar o sofrimento de João Pedro, 8 anos, ela torcia o nariz para a maconha. “Eu era muito preconceituosa, quando comecei a ler sobre o uso terapêutico da cannabis, meu preconceito caiu por terra”, declara Elaine Cristina, ao participar neste sábado (18/05) da 12ª edição da Marcha da Maconha, no Centro do Recife.

O evento começou na Rua da Aurora, bairro da Boa Vista, em volta do Monumento Tortura Nunca Mais, às 14h. E no fim da tarde  os participantes seguiram em direção ao Pátio de São Pedro, no bairro de Santo Antônio. “Entrei nessa luta para que todos tenham direito a usar e a plantar a maconha em casa, assim a pessoa não vai precisar mais comprar”, declara Elaine Cristina, que acompanha a Marcha da Maconha pela terceiro ano.

“João Pedro apresentou muitas melhoras cognitivas e motoras, depois que passou usar a cannabis, ele tem outra qualidade de vida, agora eu tenho uma criança ativa em casa. Ele, que vivia calado e olhando para a parede, passou a interagir com a gente, do jeito dele”, declara Elaine Cristina. “Comecei com o óleo de cannabis importado, mas não surtiu muito efeito. A resposta foi muito melhor com o óleo artesanal”, afirma.

Elaine Cristina e outras famílias que fazem uso terapêutico da planta se juntaram a jovens e adultos que defendem o uso recreativo da maconha e marcharam na tarde de ontem pelas ruas do Recife. “Esse tipo de manifestação contribui para ajudar a diminuir o preconceito, as pessoas estão vendo que não somos poucos, nós somos muitos”, destaca a publicitária Camila Sinimbu, que participou da Marcha da Maconha pela segunda vez. “Estamos aqui para defender o uso medicinal e recreativo da maconha”, diz ela.

Cartilha

“Os benefícios medicinais são cientificamente comprovados e quanto ao uso recreativo, acho que as pessoas deveriam ter o direito de decidir se querem ou não. O importante é ensiná-las formas de reduzir os danos”, observa Camila Sinimbu. O assunto, inclusive, é o tema da cartilha Fique Suave, distribuída durante a marcha, com informações sobre redução de danos e direitos de usuários de drogas, numa iniciativa dos organizadores da Marcha da Maconha e do PSol, com vereador Ivan Moraes e o grupo de deputadas Juntas.

Em 2019, a Marcha da Maconha levou para as ruas o tema Sejamos livres. Libertem nosso povo!, em referência ao elevado número de negros entre a população carcerária. “Das 800 mil pessoas presas no Brasil, 68% são negros. Num recorte feminino esse índice chega a 73% e 68% das mulheres presas são acusadas de tráfico de drogas”, relata Ingrid Farias, organizadora da marcha.

“Escolhemos a Rua da Aurora para a concentração da marcha porque por ser um espaço de violação de direitos de usuários de drogas”, diz Ingrid.

NO CHILE

Unidas sob o slogan "Cultive seus direitos", milhares de pessoas inundaram o centro de Santiago de verde, neste sábado (18), com uma imensa e pacífica marcha para exigir do governo de Sebastián Piñera a descriminalização do cultivo de maconha no Chile.

Realizada hoje também em outros países, a mobilização reuniu cerca de 80 mil pessoas em sua XV edição, relatou a Fundación Daya, uma das organizações apoiadoras da iniciativa.

Em um comunicado, a Daya pede que o Chile adote "uma nova regulação sobre a maconha que seja justa, democrática".

Os chilenos querem que a opção de fumar maconha "seja uma decisão (sua), e não que passe pelo governo", disse à AFP Valerie Peñaloza, durante a passeata.

No Chile, o consumo de maconha em público é proibido, assim como seu cultivo.

A regulação desse mercado avança no mundo e na região, mas, na América do Sul, apenas o Uruguai autorizou o cultivo para uso pessoal e a venda da substância com fins recreativos.

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