Enquanto não há previsão de conclusão de quatro barragens que estão com obras paradas na Zona da Mata e no Agreste de Pernambuco, uma saída para diminuir os impactos de enchentes em Barreiros e em outras cidades vizinhas é investir em intervenções no Rio Una, um dos principais rios da região. O governo estadual está elaborando um Plano Hidroambiental para a Bacia do Una, com previsão de conclusão em novembro. Paralelamente, continua na expectativa de liberação de verbas federais para terminar os reservatórios em Cupira, Barra de Guabiraba, São Benedito do Sul e Lagoa dos Gatos. O mais próximo de ser retomado é o de Cupira, que está com metade da obra pronta. A expectativa é de que os R$ 56 milhões necessários para executar o serviço sejam repassados pela União em julho.
“A barragem de Serro Azul foi projetada como sendo a principal barragem de controle das cheias na Mata Sul. Só que é urgente concluir as outras. Porque ela controla o Rio Una. Mas no caminho dele tem afluentes como o Rio Pirangi e o Rio Panelas que costumam provocar também enchentes significativas”, observa o engenheiro civil e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) José Almir Cirilo.
“Mas barragem nenhuma vai conseguir evitar que áreas em beira de rio sejam inundadas, a menos que fique na porta da cidade. Uma saída mais simples, no caso de Barreiros, é ampliar a calha do rio para conter esse volume extra de água, como foi feito em Palmares. O ponto crucial para fazer isso é retirar as pessoas que moram nas áreas ribeirinhas. Só que em Barreiros a resistência da população é muito grande”, ressalta Almir, que foi secretário de Recursos Hídricos entre 2015 e 2016.
A sugestão de ampliar a calha do Rio Una, conforme a atual secretária de Infraestrutura e Recursos Hídricos de Pernambuco, Fernandha Batista, pode ser uma das ações apontadas pelo Plano Hidroambiental da Bacia do Una. “Teremos uma série de indicações para possibilitar a melhor convivência das populações que habitam as margens do rio. Também ações para melhorar o tratamento d’água e o esgotamento sanitário”, destaca Fernadha.
Ela diz que em 2011 foram elaborados estudos semelhantes para os Rios Ipojuca e Capibaribe. Com os planos, o governo estadual conseguiu recursos na ordem de R$ 3 bilhões dos Bancos Mundial e Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird). O dinheiro resultou em projetos de esgotamento sanitário e abastecimento para diversas cidades como Tacaimbó, Surubim, Santa Cruz do Capibaribe e Sanharó.
Até o final do ano, Fernandha espera montar, com o governo federal, um cronograma para retomar o repasse de verbas para finalização das quatro barragens da Zona da Mata. Caso o recurso de Panelas 2 saia, de fato, em julho, os operários voltam a trabalhar em agosto, com previsão de conclusão em um ano.
“Escolhemos Panelas 2 porque é a mais adiantada, com 50% pronta. Em seguida vamos para a de Lagoa dos Gatos, que é a menor de todas”, afirma a secretária.
BARRAGENS SEM CONCLUSÃO
Panelas II, em Cupira
Investimento: 109,5 milhões
Quanto falta: R$ 56 milhões
Quanto foi executado: 50%
Gatos, em Lagoa dos Gatos
Investimento: R$ 82,8 milhões
Quanto falta: R$ 32 milhões
Quanto foi executado: 20%
Igarapeba, em São Benedito do Sul
Investimento: R$ 251,6 milhões
Quanto falta: 167 milhões
Quanto foi executado: 38%
Barra de Guabiraba
Investimento: R$ 94,5 milhões
Quanto falta: R$ 78 milhões
Quanto foi executado: 25%