Focada nas alternativas de eficiência energética e tecnologia, a Comerc Energia prevê investimentos na ordem dos R$ 100 milhões em 2020 para otimizar os serviços de gestão, comercialização e consultoria para compra e venda de energia. Crente numa retomada econômica e, consequentemente, maior consumo energético no País, a Comerc está de olho no potencial de novos nichos como a abertura do mercado de gás e o uso de baterias para a geração a partir de fontes intermitentes, inclusive em residências.
“Hoje já se tem tecnologias que fazem com que essa transformação na forma de consumir seja mais econômica e eficiente. Todo mundo olha o lado da geração, mas não da redução de consumo mantendo a mesma produção, por uma questão de que a eficiência é pouco valorizada”, avalia o presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos.
Atuando no mercado livre de energia, a Comerc deve chegar ao fim de 2019 com um faturamento de 3,7 bilhões, crescimento de 54% em relação a 2018 (R$ 2,4 bilhões), contabilizando 2,2 mil unidades atendidas e 1,4 mil clientes em todo o País.
“O mercado livre vem crescendo também em função dos preços mais atrativos, principalmente em se tratando de novos projetos nas áreas solar e eólica. Por isso, o mercado livre também passa a fazer parte da expansão energética, sendo um financiador dessa expansão”, detalha Vlavianos.
Ainda nas áreas solar e eólica, o “novo front” se desenha em torno do desenvolvimento de baterias e softwares para gestão desses equipamentos e armazenamento da energia gerada a partir dessas fontes. Embora a Aneel esteja este ano avaliando uma mudança nas regras de compensação da geração distribuída de energia solar, e isso venha causando apreensão no setor por conta da possibilidade de alta nos custos da geração, a Comerc acredita que essa mudança será um dos passos fundamentais para fomentar, inclusive, o armazenamento de energia solar em residências.
“A gente vislumbra que isso vai acontecer, e não vai demorar muito (uso de baterias em residências). Vimos isso acontecer na Alemanha, o pessoal investiu muito em solar, concentrou a geração durante o dia e essa arbitragem começou a ser feita pela bateria. Aqui, a gente tem risco constante de queda de energia, a bateria supre essa necessidade de backup, mas também virá para a redução do custo do fio, na ponta. Hoje, o interesse é em backup, mas tende a evoluir. A nova arbitragem no preço residencial vai impulsionar isso”, acredita o presidente da Comerc.
A abertura do mercado de gás também vem sendo acompanhada pela Comerc e deverá gerar novas oportunidades de negócios. Embora a demanda residencial, nesse caso, seja considerada limitada, a fonte é considerada a principal na transição para ampliação das fontes renováveis limpas, que hoje ainda são minoritárias na matriz energética brasileira.
“Teremos um consequente aumento da produção a partir da exploração do Pré-sal. Além disso, temos uma oferta bastante interessante. A Bolívia precisa vender gás e a Argentina tem grande reserva de GN e já começou a explorar isso para nos próximos anos se tornar um exportador. Precisamos criar um mercado com vários fornecedores, para expansão da indústria e termelétricas funcionando na base”, afirma o diretor executivo da Comerc Gás, Pedro Franklin. Com o comprometimento da Petrobras em garantir o fim da monopolização no setor, já se espera para 2020 novas chamadas públicas para uso dos espaços liberados pela petroleira em gasodutos além da descentralização da distribuição de gás natural nos estados brasileiros.