Os exemplos das eletricistas Joyce Marques, Debora Gomes e Wedja Dayane inspiraram uma parceria que visa quebrar barreiras de gênero e trazer mais mulheres para uma profissão massivamente masculina. Até 2020, Pernambuco irá ganhar uma Escola de Eletricistas gratuita e exclusiva para mulheres. A iniciativa foi lançada nesta terça-feira (17), no Palácio do Campo das Princesas, e será promovida pela Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em parceria com o Governo do Estado.
A unidade fará parte da rede de escolas que estão sendo implementadas nos estados de atuação do grupo Neoenergia (Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo) para formação das profissionais na área e consequente contratação da companhia, a depender da demanda. O processo seletivo conta com prova escrita (português, matemática e redação), avaliação psicológica, teste prático, além de entrevista para avaliação de perfil. As alunas serão divididas em quatro turmas, com 25 participantes cada uma. O curso possui disciplinas teóricas e práticas, com duração de até sete meses e carga horária de 596 horas. As aulas serão realizadas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-PE), nas unidades de Recife (no bairro de Areias), Cabo de Santo Agostinho, Caruaru e Garanhuns.
O curso tem início no primeiro semestre de 2020. As inscrições são gratuitas, com vagas limitadas, e podem ser efetuadas entre os dias 18 e 22 de dezembro, exclusivamente pelo site da Celpe.
A eletricista Wedja Dayane, de 24 anos, trabalhou durante dois anos atendendo ocorrências de emergência. Agora, ela lida com a manutenção em linhas e energizadas de alta tensão. Segundo ela, o projeto é uma oportunidade para que as mulheres acreditem que possam integrar a área. “Na época que eu e as outras meninas entramos, foram poucas as mulheres que se candidataram. Esse projeto está vindo para engajar e dar mais coragem para as mulheres se acharem capaz e seguirem a profissão de eletricista”, disse.
Junto a Wedja, também estudaram, na primeira turma mista da Celpe, Joyce Marques, de 22 anos, e Debora Gomes, de 34 anos. Debora já é eletricista há dez anos, mas explica que se a vontade de trabalhar na Celpe surgiu quando ela viu pessoas trabalhando em um caminhão da empresa na rua. Com muito amor por sua profissão, Joyce Marques conta que, no começo, sua família tinha receio que ela trabalhasse na área, mas que nunca sofreu preconceito pelos colegas de classe. “Eles tiveram muito respeito comigo, sempre foram atenciosos e me ensinaram, que é o mais importante”, relatou.
Em discurso, o presidente da Celpe, Saulo Cabral, ressaltou que a inauguração é um momento de quebra de paradigmas e mais um passo em direção à equidade de gênero. “A criação de uma escola de eletricistas exclusiva para mulheres reafirma, não só a auto estima feminina, mas, sobretudo, buscamos acabar com a imagem de uma função que é estigmatizada como uma função predominantemente masculina”, disse Saulo, que ainda citou a possibilidade de contratação após formação na escola. “Ao final desse curso, as participantes, em sua maioria, serão contratadas para fazer parte do quadro de funcionários da Celpe servirão de exemplo e de estímulo profissional para várias mulheres que poderão se ver representadas naquela função”, expôs o presidente.
"O que vamos ver agora é muito serviço feito pelas mulheres". Esta foi a frase dita pelo governador Paulo Câmara, em coletiva de imprensa que lançou a escola. Às eletricistas da Celpe, o dirigente afirmou que elas servem de exemplo para os pernambucanos e pernambucanas.
A vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, afirma que a medida faz parte da política pública do governo estadual que pretende oferecer condições de crescimento à mulher, neste caso, promovendo a ela uma autonomia financeira. "Este é um esforço concentrado para aquilo que consideramos ser crucial para a emancipação da mulher, que é sua autonomia financeira. Embora esta não seja uma condição suficiente, é necessária. Porque uma mulher com autonomia financeira cria outras condições para ser livre e fazer o que desejar fazer", enunciou.