Em ruínas, o Chalé do Prata aguarda obra de restauração desde 2013

O Chalé foi tombado como patrimônio histórico do Estado em 1994, mas continua abandonado enquanto as licitações da reforma não avançam
Maria Lígia Barros
Publicado em 29/01/2020 às 15:09
Parque Estadual de Dois Irmãos é uma das 85 unidades de preservação de Pernambuco Foto: LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM


Deteriorado e depredado, o Chalé do Prata, no Parque Dois Irmãos, Zona Norte do Recife, aguarda há anos pela prometida obra de restauração, anunciada em 2013. O sobrado de dois andares foi tombado como patrimônio histórico do Estado em 1994, mas, enquanto as licitações da reforma não avançam, continua abandonado entre a frondoso vegetação que o circunda.

Quando a requalificação for concluída, o local deverá ser transformado em um espaço educativo sobre a memória da Unidade de Conservação Estadual Parque Dois Irmãos, na qual é inserida, além de servir de apoio para pesquisas e para a Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma).

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A lentidão dos processos gerou reação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Em 2014, o órgão enviou uma recomendação à secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) para que iniciasse imediatamente a recuperação do equipamento. Seguido à notificação, a pasta anunciou, em maio de 2015, uma licitação de R$ 1,2 milhão para a realização da reforma. Promessa que não se cumpriu. “A licitação não ocorreu devido a falta de projetos executivos e complementares, necessários para execução de obra com recursos públicos. O que estava disponível era apenas o projeto arquitetônico”, explicou, em nota, a Semas.

Foto: JC Imagem/ Leo Motta
A edificação está em ruínas. - Foto: JC Imagem/ Leo Motta
Foto: JC Imagem/ Leo Motta
As portas estão quebradas e as paredes, cobertas por pichações. - Foto: JC Imagem/ Leo Motta
Foto: JC Imagem/ Leo Motta
Pouco sobrou do telhado. - Foto: JC Imagem/ Leo Motta
Foto: JC Imagem/ Leo Motta
Os arremates em lambrequins de madeira foram quase todos derrubados. - Foto: JC Imagem/ Leo Motta
Foto: JC Imagem/ Leo Motta
O Chalé fica à margem da Bacia do Prata. - Foto: JC Imagem/ Leo Motta
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De propriedade da Compesa, o imóvel hoje é de responsabilidade da Semas. - Foto: JC Imagem/ Leo Motta
Foto: JC Imagem/ Leo Motta
A construção está situada na Unidade de Conservação Estadual Parque Dois Irmãos - Foto: JC Imagem/ Leo Motta

Sem avanço, o MPPE voltou a agir em setembro de 2016, desta vez movendo uma ação judicial com pedido de liminar contra o Estado, obrigando-o a realizar a obra. Processo que continua em tramitação na Justiça, na 5ª Vara da Fazenda Pública da Capital. 

Três anos depois, no último dezembro, foram transferidos R$ 221.641,79 para a secretaria elaborar os tais projetos, entre os quais de aclimatação; instalação elétrica; instalação hidrossanitárias; instalação de redes estruturadas de lógica; prevenção de incêndios; estrutural; acessibilidade; paisagismo; comunicação visual; especificações técnicas e orçamento. A Semas afirmou que o edital de contratação da empresa responsável por esse trabalho será publicado “tão logo haja a abertura do exercício financeiro de 2020”. “É a elaboração dessa etapa que permite definir o cronograma e orçamento da obra para restruturação do equipamento”, condicionou.

O CHALÉ

De acordo com a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), a construção faz parte do  Conjunto Ambiental, Paisagístico e Histórico do Prata, em Dois Irmãos. Ela se ergue sobre o Açude do Prata, o primeiro a ser usado no abastecimento de água potável no Recife, em 1941, pela extinta Companhia de Beberibe. Hoje, sob administração da Compesa, o manancial - que junto com o açude do Meio compõe a Bacia do Prata - integra o Sistema de Abastecimento de Água Dois Irmãos, fornecendo para os bairros Córrego do Jenipapo, Brejo da Guabiraba, Macaxeira e parte de Nova Descoberta; todos na Zona Norte.

Construída no final do século XIX, a edificação de estilo clássico inglês já não ostenta o belo telhado que chamava a atenção na sua estrutura. Os arremates em lambrequins de madeira foram quase todos derrubados, assim como as portas. A tintura, desgastada e manchada, está coberta por pichações.

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