Brincar o Carnaval mascarado é a diversão de muitos foliões que estarão neste domingo em Bezerros, cidade distante 105 quilômetros de Recife, no Agreste pernambucano, vestidos de papangus. Se você está a fim de fugir do vuco-vuco das ladeiras de Olinda e busca diversão já de manhã – no Recife Antigo só acontece programação à tarde e à noite – avalie a possibilidade de seguir viagem para lá. De carro, dura pouco mais de uma hora, partindo da capital e seguindo pela BR-232. E se a animação for grande e tiver fôlego, estique até Pesqueira, também no Agreste, para curtir os caiporas.
A dica para ver os papangus mais engraçados e criativos é chegar cedo em Bezerros. Os mascarados começam a passear pela Praça São Sebastião, logo na entrada do município, por volta das 9h. Também na Praça Centenária, onde acontece o concurso para eleger os destaques da festa. É a hora também mais tranquila para circular. Com cerca de 60 mil habitantes, a cidade recebe, somente hoje, aproximadamente 100 mil visitantes, segundo projeção da Secretaria Municipal de Turismo. Para dar conta de tanta gente, a prefeitura organizou um grande esquema de segurança, trânsito e saúde.
A programação de shows neste domingo é convidativa: Elba Ramalho, Nação Zumbi, Maestro Forró e Quinteto Violado são algumas das atrações. Tem ainda André Rio, Marrom Brasileiro e Almir Rouche. Às 11h, o Ceroulas, de Olinda, chega para animar a festa. Terça-feira a cidade recebe a visita do Homem da Meia Noite. “Montamos seis polos de folia. Uma das novidades é um espaço dedicado exclusivamente ao frevo, ritmo genuinamente pernambucano e que valorizamos bastante. Será na Rua 9 de janeiro. Das 10h às 18h haverá orquestras tocando o tempo todo”, explica o secretário de Turismo de Bezerros, Vando Dias. O investimento da gestão municipal foi de R$ 1 milhão.
O professor Fábio Brayner, 40 anos, sai de papangu no Carnaval desde pequeno. “Meu pai se fantasiava e me levava com ele. É muito divertido falar com pessoas que você não conhece ou brincar com aquelas que conhece, mas que não sabem quem você é por causa da máscara”, diz Fábio. Ele junta um grupo de mais ou menos dez pessoas, entre amigos, vizinhos e parentes, que há duas décadas desfila com as roupas iguais hoje, amanhã e terça-feira. “Mudamos a voz e visitamos a casa dos integrantes do grupo para comer e beber. Só sabe quem somos nós o dono da casa, que está também vestido de papangu”, comenta Fábio.
Em Pesqueira, estão previstos para desfilar pelas ruas da cidade, somente hoje, 65 blocos e troças, além de duas escolas de samba. Os caiporas, personagens típicos da folia local, sairão às 15h. Faz 65 anos que o bloco formado por essas engraçadas criaturas foi fundado. Adultos e crianças colocam estopas pintadas cobrindo o rosto e parte do corpo. Ficam parecendo pequenos seres. Vestem paletós, gravata e camisas de mangas compridas. À noite, a partir das 20h, terá desfile das Escolas de Samba Águia Dourada e Labariri.