Os alegres caretas de Triunfo

No primeiro dia da série sobre os personagens de carnaval do interior conheça os caretas de Triunfo
Leonardo Vasconcelos
Publicado em 07/02/2018 às 6:35
Foto: Foto Diego Nigro/JC Imagem


Não se deixe enganar pelos traços mal-humorados das máscaras. Os caretas são os responsáveis pela alegria do carnaval de Triunfo, no Sertão do Estado, a 400 quilômetros do Recife. Os personagens existem há mais de um século e são o símbolo da folia da cidade. Abusando da irreverência e sátira, eles tomam conta das ladeiras do município estalando o relho, uma espécie de chicote.

As referências à figura do careta podem ser vistas em vários pontos da cidade. Inclusive, no ponto mais alto dela, o Pico do Papagaio a quase 1.300 metros, onde se encontra uma escultura em homenagem ao mascarado. A historiadora Diana Rodrigues explica que o careta surgiu em 1917. “Tudo começou quando um Matheus, personagem de um grupo de reisado, daqui do Sítio Lages, ficou bêbado antes de uma apresentação e por isso foi expulso. Com raiva, ele saiu fantasiado pelas ruas da cidade, fazendo barulho e assim sem querer inaugurou a brincadeira. Daí vem o semblante de tristeza das máscaras”, contou.

Os caretas saem em grupos chamados de trecas. Além do barulhento relho, eles se caracterizam com chocalhos, máscaras, chapéu de palha e tabuleta, uma placa carregada nas costas com frases satíricas. “A tabuleta dá o tom de irreverência do careta. As frases são parecidas com as vistas nos parachoques de caminhão, como ‘quem mata a sua sogra não é um assassino e sim um bom caçador’”, disse, aos risos, Diana.

O artesão Abraão Alves de Almeida, de 46 anos, confecciona as fantasias e sai de careta na folia desde que tinha cinco anos. “É uma coisa hereditária mesmo, já crescemos gostando de ser careta. É uma tradição prazerosa. Colocar essa máscara é sinônimo de alegria. Por isso que fazemos questão de perpetuar isso, ensinando aos mais novos”, disse.

FUTURO

Se depender das novas gerações, os caretas vão continuar por muito tempo. O jovem Kevin Kennedy da Silva, de 14 anos, apesar da pouca idade, mostrou grande habilidade com o chicote. “Foi meu pai que me ensinou, eu cresci com o relho na mão. Com dois anos já saia de careta. Chega da um arrepio quando você está lá estalando. Não é difícil não, basta treinar bastante desde cedo que você consegue”, afirmou Kevin, fazendo questão de mostrar os tais estalos de que tanto se orgulha.

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