O metrô do Recife poderá ter vagões exclusivos para mulheres. Esta é uma medida apresentada pelo chefe de segurança do metrô, Luiz Meira, em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta terça-feira (10). Apesar de ainda não ter uma data definida para ser implantado, de acordo com Meira, o projeto de segurança já foi apresentado e aprovado pelo ministro das Cidades, Bruno Araújo.
Meira explica que todas as composições das linhas Sul, Centro e VLT contariam com um vagão para mulheres, sendo ele o primeiro ou o último. "O vagão será adesivado na cor rosa e vamos colocar um segurança desarmado para fazer a fiscalização. A mulher pode andar no vagão comum mas, a que se sentir insegura, poderá utilizar o exclusivo", comenta. Questionado sobre outras políticas do metrô para a proteção da mulher, Luiz Meira comentou que o metrô lançará, em breve, um aplicativo que conecte o passageiro ao sistema de segurança.
"Este aplicativo estará monitorando o usuário que estiver dentro do sistema. Ele poderá filmar e mandar áudio. O conteúdo enviado irá diretamente para a sala verde, de segurança", afirma. Segundo ele, o app também rastreará o celular do usuário, mesmo que ele esteja desligado. "Ele vai monitorar os vigilantes do sistema, incluindo eu mesmo. Então será possível saber onde estão os vigilantes, em que local eles estão atuando. Também haverá um espaço para o cidadão fazer denúncias, incluindo as mulheres, caso sofram assédio", acrescenta.
Passageira do metrô do Recife, a servidora pública Aroma Bandeira, de 31 anos, discorda da medida. "Eu acho um absurdo. Discordo completamente. Se querem fazer alguma coisa para excluir, por que não excluem as pessoas que fazem coisas erradas? Nós só queremos viver nossas vidas", comenta. A estudante Ana Carla Santiago, de 20 anos, concorda com Aroma. "Olhando do ponto de vista geral, é uma medida paliativa. Não vai resolver o assédio sofrido pelas mulheres. E, querendo ou não, é uma forma de privar a mulher, como se ela não pudesse estar no mesmo lugar dos homens. Não está punindo o agressor, e sim, a vítima", relata a estudante.
Proposto pelo então deputado estadual Eduardo Porto, em 2013, também previa a destinação de um vagão exclusivamente para mulheres, com o objetivo de evitar o abuso moral e sexual das passageiras. O projeto propunha um vagão que funcionasse apenas nos horários de pico dos dias úteis. Na época, a iniciativa foi criticada pelo movimento feminista do Estado, por não contribuir para o tratamento igualitário entre homens e mulheres.