Atualizada às 19h56
Após o Governo de Pernambuco anunciar, nessa quinta-feira (16), uma proposta para que não haja um aumento no valor das passagens dos ônibus que fazem parte do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR) em 2020, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) disse ter recebido a notícia com “surpresa e indignação”. Empresários defendem o reajuste de 14,13% no valor da passagem.
Em nota, o órgão informou que o equilíbrio econômico-financeiro do sistema de transporte público deve ser tratado com sensatez e seriedade, já que os serviços são essenciais à sociedade.
“Uma política de custeio adequada é fundamental para que sejam alcançados os avanços concretos desejados na qualidade do serviço e entendemos que a tarifa não pode limitar a melhoria do sistema de transporte público. Porém, alertamos que no formato atual de financiamento do STPP/RMR, desconsiderar os reais custos da operação implicará no sucateamento, ou até colapso, do serviço”, diz um trecho do texto.
Ao decorrer da nota, a Urbana -PE também disse que aguarda o plano de investimentos mencionados pelo Governo do Estado com a expectativa de que medidas sejam implementadas para solucionar os problemas estruturais que atualmente fazem parte do sistema. Segundo o órgão, isso inclui a adoção de critérios objetivos e técnicos para revisão de custos e financiamento.
Por fim, a Urbana-PE conclui informando que enxerga o congelamento da tarifa com preocupação e que irá continuar em busca por alternativas que garantam a continuidade da prestação do serviço.
A nota da Urbana-PE pode ser conferida na íntegra no fim da matéria.
Em resposta, o Governo do Estado informou, também por meio de uma nota, afirmou que o posicionamento do grupo não causou “estranheza”.
De acordo com o Governo, o foco em aumento de tarifa e a ausência de priorização na melhoria do transporte é um conduta que está se repetindo há anos por parte do setor empresarial.
“Não aceitaremos ameaças, nem intimidações de qualquer grupo ou seguimento, principalmente daqueles que recebem subsídios públicos sem contrapartidas na qualidade do serviço. A caminhada para um novo momento no transporte público em Pernambuco começou e avançará”, diz trecho da nota que pode ser vista na íntegra no fim da matéria.
Em 2014, quando o PSB lançou a candidatura de Paulo Câmara ao governo do Estado pela primeira vez, não houve aumento. O mesmo ocorreu em 2018, quando o governador disputava a reeleição. Na época, os empresários do setor tinham solicitado um reajuste médio de 11,02%.
No ano passado, as passagens de ônibus foram reajustadas em 7,07%, proposta sugerida pelo governo do Estado. Com a decisão, as tarifas do Anel A e B passaram de R$3,20 e R$4,40 para R$ 3,45 e R$ 4,70 respectivamente. O reajuste começou a valer no dia 2 de março. As linhas do Anel D foram transferidas para o Anel A; o Anel G passou de R$ 2,10 para R$ 2,25.
Em 2017, apesar do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) ter proposto um aumento de 33,93%, o martelo foi batido para o valor de R$ 3,20 para o anel A, o equivalente a um reajuste de 14,26%, tendo em visto a tarifa anterior, que custava R$2,80. Na época, o governador Paulo Câmara (PSB) afirmou que a tarifa única a R$ 2,15 foi exemplo na época da campanha e que trabalharia para implantar o modelo, complementando que faltava dinheiro para o subsídio. Em 2015, o Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), decidiu a favor de um aumento de 12,93% nos preços das passagens.
No ano anterior, 2016, foi aprovado um reajuste de 14,42% nas tarifas, com o realinhamento de preços, o anel B passou de R$ 3,35 para R$ 3,85, o D foi de R$ 2,60 para R$ 3 e o G, deixou de ser R$ 1,60 e para custar R$ 1,85.
Em entrevista ao Jornal do Commercio, o coordenador da Frente de Luta pelo Transporte Público, Márcio Moraes disse que o não reajuste é apenas uma forma que o governo encontrou de devolver à população o que, segundo Márcio, foi tirado anteriormente.
"O governo está fazendo agora é mais do que uma obrigação dele de devolver para a população aquilo que foi tirado lá atrás. A gente não entende isto como um 'gesto de bondade' ou, até mesmo, de querer beneficiar o povo. Ele [o governador] está fazendo a obrigação dele, de defender os interesses do povo", explicou o representante, que também citou algumas promessas de campanha do governador Paulo Câmara, como a tarifa única e a retirada do anel B. "Tudo isso foi promessa dele. Nós vamos lutar para que isso venha acontecer, porque promessa tem que ser cumprida", argumentou.
De acordo com uma pesquisa do aplicativo de mobilidade urbana Moovit, que analisou milhões de viagens realizadas em 2019 por seus usuários em 99 cidades de diversos países, o tempo médio de espera na capital pernambucana é de 24,88 minutos. No ranking mundial, o Recife fica em segundo lugar, atrás da cidade mexicana de Aguascalientes, que tem um tempo médio de espera de 25,62 minutos.
O Recife também aparece como a segunda cidade no País e a sétima no mundo com o maior tempo médio gasto em deslocamento, que inclui caminhadas, espera e tempo de deslocamento.
Tempo médio de espera em minutos no Brasil
Se um deslocamento inclui baldeações, o tempo de espera em diferentes paradas/estações também é computado.
Recife - 24,88
Brasília - 23,48
Salvador - 22,93
Fortaleza - 19,91
Campinas - 19,8
Belo Horizonte - 18,81
Rio de Janeiro - 17
Porto Alegre - 16,84
São Paulo - 15,65
Curitiba - 13,19
Tempo médio de espera em minutos no mundo
Aguascalientes (México) - 25,62
Recife - 24,88
Palermo (Itália) - 24,19
Brasília - 23,48
Salvador - 22,93
Nápoles (Itália) - 22,53
Cali (Colômbia)- 22,46
Bogotá (Colômbia)- 21,04
Bangkok (Tailândia)- 20,31
Querétaro (México) - 20,03
Tempo médio de deslocamento em minutos no Brasil
Rio de Janeiro - 67
Recife - 62
São Paulo - 62
Brasília - 61
Belo Horizonte - 59
Salvador - 55
Curitiba - 54
Fortaleza - 53
Campinas - 51
Porto Alegre - 46
Tempo médio de deslocamento em minutos no mundo
Istambul (Turquia)- 72
Cidade do México - 69
Rio de Janeiro - 67
Bogotá (Colômbia) - 67
Jakarta (Indonésia) - 65
Bangkok (Tailândia) - 63
Recife - 62
São Paulo - 62
Lima (Peru) - 62
Santiago (Chile) - 62
"A Urbana-PE recebeu com surpresa e indignação a notícia de que o Governo do Estado decidiu não promover a recomposição tarifária do serviço de transporte público por ônibus na Região Metropolitana do Recife em 2020.
O equilíbrio econômico-financeiro do sistema de transporte público deve ser tratado com a sensatez e seriedade que merecem os serviços essenciais à sociedade. Uma política de custeio adequada é fundamental para que sejam alcançados os avanços concretos desejados na qualidade do serviço e entendemos que a tarifa não pode limitar a melhoria do sistema de transporte público. Porém, alertamos que no formato atual de financiamento do STPP/RMR, desconsiderar os reais custos da operação implicará no sucateamento, ou até colapso, do serviço.
Reiteramos que os principais custos do setor apresentaram, ao longo do último ano, incrementos significativos bem acima da inflação e que a demanda continua com tendência de queda, conforme conhecimento do órgão gestor e ampla divulgação.
O setor aguarda o plano de investimentos mencionado pelo Governo do Estado com a expectativa de que sejam implementadas medidas concretas para solucionar os problemas estruturais do STPP/RMR, incluindo a adoção de critérios objetivos e técnicos para revisão dos custos e do modelo de financiamento do sistema.
O setor vê com preocupação o congelamento da tarifa e reforça que continuará na busca por alternativas que venham a garantir a continuidade da prestação do serviço."
"Não causou estranheza ao Governo de Pernambuco a nota divulgada pela Urbana-PE. O foco em aumento de tarifa e a ausência de priorização na melhoria do transporte, vem se repetindo há anos por parte do setor empresarial.
Não há qualquer dúvida de que o Sistema de Transporte Público da Região Metropolitana do Recife precisa de um conjunto de medidas para atender com dignidade seus usuários. O Governo do Estado vai fazer a sua parte e vai cobrar dos empresários também.
Na perseguição dessa meta, a gestão estadual irá mobilizar todos os recursos materiais, humanos e legais de suas secretarias e demais órgãos. Esse é um compromisso do governo com os quase dois milhões de pessoas que utilizam diariamente o sistema.
Não aceitaremos ameaças, nem intimidações de qualquer grupo ou seguimento, principalmente daqueles que recebem subsídios públicos sem contrapartidas na qualidade do serviço. A caminhada para um novo momento no transporte público em Pernambuco começou e avançará."