Governo prepara medidas para financiar pesquisas sobre vírus Zika, diz ministro

Para o presidente da Finep, o Brasil está na frente no nível de pesquisas sobre Zika
Da ABr
Publicado em 26/02/2016 às 18:10
Para o presidente da Finep, o Brasil está na frente no nível de pesquisas sobre Zika Foto: Reprodução Internet


O governo federal está preparando um conjunto de medidas para incentivar pesquisas sobre o vírus Zika, que envolve os ministérios da Saúde, da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e será anunciado nas próximas semanas. O texto está sendo elaborado junto com a Casa Civil para definir as fontes de financiamento e linhas de ação para os próximos três anos. A informação é do ministro da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, que considera o projeto "bem consistente".

“Acho que a presidenta deve anunciar [as medidas], junto com os ministros, na semana que vem ou na outra. É um pacote de impacto para a área de biotecnologia e de medicamentos. Estamos trabalhando para isso. Julgamos importante que a comunidade [acadêmica] esteja atenta e montando as suas redes, pensando que vamos participar e lançar um pacote consistente nesta área para os próximos dois ou três anos, com recursos para pesquisar esta questão”, informou.

O ministro deu as declarações ao participar, hoje (26), na sede da Financiadora de Ensino e Projetos (Finep), no centro do Rio, da assinatura dos convênios selecionados por meio de carta convite, que somam R$ 100 milhões. Os recursos serão aplicados na conclusão de obras de Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) apoiadas em chamadas anteriores do CT-Infra. No total, foram aprovadas 91 empreendimentos de 31 instituições.

O presidente da Finep, Wanderley de Souza, disse que os departamentos de pesquisa das universidades têm condição de atender o chamado do governo, porque estão na linha de frente, como também a Fundação Oswaldo Cruz, que não é uma universidade, mas é tratada como se fosse, diante da importância do trabalho que realiza.

Souza adiantou que a Finep vai patrocinar um debate no auditório do Museu do Amanhã, que vai ocorrer em um domingo, no fim de março, com a proposta de ter um dia dedicado ao esclarecimento sobre a situação da doença, do ponto de vista científico. “Estarão presentes os principais pesquisadores, atuando lá, explicando para a população o que é o Zika, quais são todos os fatores, o que se sabe, mas com o linguajar correto e científico."

Para o presidente da Finep, o Brasil está na frente no nível de pesquisas sobre Zika. “Certamente estamos na frente. Até agora, sobre Zika, neste último episódio, saíram publicados 11 artigos, todos brasileiros. Ou seja, a liderança, dentro dessa desgraça que é uma doença, ela, por outro lado, é uma oportunidade de se firmar a ciência brasileira, a ciência médica e biomédica. O que nós temos é que ter capacidade de rapidamente gerar produtos para diagnóstico e a vacina, que geram dinheiro, e não só ficar em pesquisas”, afirmou.

Souza revelou que está sendo preparado também um edital para a Finep financiar pesquisas em empresas, o que deve ser divulgado em duas semanas. “Vamos ter um edital específico para empresas ligadas ao problema das doenças transmitidas por vírus que envolvem HIV, dengue, febre amarela, Zika, chikungunya, o complexo todo para aparecerem empresas que fabriquem vacinas e medicamentos”, disse. Segundo ele, o edital está em fase de discussão orçamentária dos recursos que serão aplicados pela Finep.

De acordo com a reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Ângela Maria Paiva Cruz, a participação das instituições no combate ao vírus zika.

“Assinamos, com associações diversas de universidades federais, estaduais e privadas, o pacto da educação contra a Zika, e vão redundar, neste pacto, ações focadas nos nossos estados, junto à população de 60 milhões de estudantes, desde as universidades até as creches. Vamos atingir esta população com sensibilização, levando produtos, cursos e a ferramenta básica que é o conhecimento para que as pessoas lidem e minimizem as consequências do problema.”

Sobre a geração de conhecimento e inovação na área, a reitora contou que várias universidades, incluindo a do Rio Grande do Norte, já estão em contato com o MEC e com o MCTI, não só para o combate ao mosquito, mas também no tratamento da microcefalia. “Essas demandas já estão sendo buscadas, e vários pesquisadores estão se mobilizando nas diversas instituições públicas e privadas para somar no esforço de preparar o futuro”, ressaltou.

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