É inédito: a tradicional Faculdade de Direito do Recife, instituição com quase 200 anos, terá o nome de uma transexual batizando a turma que concluirá o curso no mês que vem. Os alunos, que entraram na faculdade em agosto de 2011, serão formados na turma Robeyoncé Lima.
Negra, crescida na periferia do Recife, Robeyoncé, de 27 anos, deverá se acostumar com os ineditismos - ou com a tarefa de abrir portas: ela é também a primeira trans aprovada na OAB em Pernambuco. A conquista da carteira e do direito de exercer a advocacia chegou em janeiro, sete meses antes de concluir o curso, numa prova de fogo onde apenas 21% dos candidatos conquistaram a aprovação. Agora, a turma da qual faz parte decidiu, a partir de uma enquete, que ela deveria dar nome à classe. “Fiquei muito feliz com o reconhecimento”, confessa a homenageada. “É gratificante. E também é, explicitamente, um gesto político.”
A turma Robeyoncé Lima é festejada institucionalmente pela Universidade Federal de Pernambuco. “É algo que me emociona”, afirma Luciana Vieira, diretora LGBT da Universidade. “Ela é competente, foi reconhecida também por méritos acadêmicos. Mas, no momento político de retrocessesso que enfrentamos no País, especificamente na área de direitos humanos, trata-se de uma posição política das mais importantes”, avalia Luciana. A UFPE é a primeira instituição de ensino superior do Brasil a criar uma diretoria específica para tratar de questões relativas a lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros.