HGV ganha leitos, mas pacientes ainda denunciam problemas

Mesmo com dobro do número de leitos de 2014, hospital tem longa espera
JC Online
Publicado em 03/07/2019 às 6:51
Até agora, o governo só anunciou a contratação de equipamentos para montar 2 mil leitos Foto: Foto: Bruno Campos/TV Jornal


Criticado pela superlotação no dia a dia, o Hospital Getúlio Vargas (HGV), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, ganhou nessa terça-feira (2) 28 novos leitos. Divididos para as alas vermelha e amarela, as vagas são destinadas aos pacientes que chegam em condições mais graves. Também houve melhorias na subestação de energia. Apesar dos investimentos feitos pelo governo do Estado – orçados em R$ 13,6 milhões – pacientes e acompanhantes denunciam que dezenas de macas continuam obstruindo a passagem nos corredores principais. A Secretaria de Saúde não autoriza o acesso da imprensa a essas áreas.

Com a inauguração, ontem, o HGV passa a ter a partir de agora 100 leitos na emergência. Antes das reformas, que tiveram início em 2014 e, após paralisação, foram retomadas em 2017, o hospital só contava com 50 leitos. Em setembro, o número cresceu para 72. Mensalmente, a unidade, referência em traumato-ortopedia, atende cerca de 2.500 pacientes.

O número de leitos aumenta, mas os problemas da unidade vão além disso. Apesar de estarem contentes com a disponibilidade de novos espaços, pacientes relatam dificuldades, como superlotação, e se queixam da falta de atendimento humanizado. Na manhã dessa terça, por exemplo, havia 147 pacientes para os 100 leitos. “Isso realmente vai melhorar um pouco o hospital, mas ainda falta muita coisa. Não tem lençol nas macas e parte do atendimento não é bom. O povo está jogado nos corredores, tem muita gente aqui”, conta o agricultor José Milton Carvalho, acompanhante de um paciente que aguarda por um transplante há três meses, em entrevista à TV Jornal.

O diretor do HGV, Bartolomeu Nascimento, reconhece que a superlotação é um problema sério na unidade e alega ser uma dificuldade que afeta todos os hospitais públicos. “Sempre existem excessos. Isso é um problema que não é só do Getúlio Vargas. A rede de saúde como um todo sofre isso”, tenta justificar o diretor da unidade.

Os custos da reforma, com obras e equipamentos, chegaram a R$ 16,6 milhões, sendo R$ 3 milhões referentes a recursos federais. O investimento, segundo o governador Paulo Câmara, que também esteve presente na inauguração, foi feito para melhorar o atendimento. “Realizamos um planejamento. Nós tínhamos 50 leitos na emergência e esse número está sendo ampliado para 100, buscando atender melhor a população, buscando dar condições de resolutividade e mais humanização. A gente também teve a preocupação de aumentar essa área em espaço físico”, frisou o governador.

De acordo com o secretário estadual de Saúde, André Longo, a reforma faz parte de uma série de esforços para sanar a superlotação que atinge as unidades do Estado. “A gente tem um plano que está sendo estruturado para ampliar a resolutividade do interior do Estado e menos pessoas de outros municípios terem que ser encaminhadas para atendimento na capital, além de ampliar os leitos de retaguarda para que possamos dar vazão a esta grande demanda nas emergências”, pontuou, ressaltando que parte da superlotação, inclusive no Getúlio Vargas, se deve ao aumento de acidentes de trânsito e à crise econômica, que fez com que mais de 200 mil pernambucanos perdessem seus planos de saúde e passassem a recorrer à rede pública.

“O HGV é minha salvação porque fica perto de casa, porque meu marido perdeu o emprego e a gente não tem mais plano (de saúde). Mas é preciso ter muito mais paciência e rezar para conseguir atendimento”, relata a auxiliar de contabilidade Marta dos Santos, moradora da Caxangá, e que no mês passado viu o filho de 17 anos penar nos corredores depois de ser atropelado por uma moto. “Ele ficou uns três dias na maca e só fez cirurgia 15 dias depois. Por sorte, está bem.”

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