O juiz Luiz Rocha, titular da 1ª Vara de Execuções Penais, disse estar surpreso em ser apontado pelos detentos do Complexo Prisional do Curado como a motivação para a rebelião iniciada na manhã desta segunda-feira no presídio. A insatisfação com a atuação do magistrado, à frente da Vara há dois anos, e a lentidão na análise dos processos foram apontadas por ele como principais razões para o motim que resultou na morte de um policial militar e um detento.
Em entrevista coletiva concedida à imprensa na noite desta segunda, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, área central do Recife, o juiz reforçou que havia um canal aberto de diálogo entre ele e os detentos. Para ele, o desconhecimento dos presos sobre os trâmites da Justiça e sobre a situação dos próprios processos pode ter contribuído para desencadear a rebelião.
“Em um gesto de incompreensão, a população carcerária acabou sendo levada a esse movimento violento por algum grupo de dentro do presídio”, disse. Ele afirmou que irá conversar com os detentos quando o conflito for resolvido, o que deve acontecer na manhã desta terça-feira.
O magistrado acredita que grupos insatisfeitos com a intensificação das revistas desde as denúncias de porte de armas dentro do presídio no início do ano pode ter contribuído para a revolta dos presos. Segundo Rocha, hoje de manhã, também houve confusão na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, no Grande Recife, pelo mesmo motivo.
O juiz ainda informou que se reuniu com os detentos no dia 31 de dezembro para informar que a Vara receberia o reforço de 25 servidores para agilizar o andamento dos processos. A previsão dada por Luiz Rocha é que os servidores sejam deslocados da presidência do Tribunal de Justiça de Pernambuco para a Vara em uma semana. “Eu, pessoalmente, falei para eles que, se tivessem qualquer insatisfação, poderiam falar com a gente. Temos um canal aberto para o diálogo com os detentos”, afirmou, se dizendo surpreso com a reivindicação dos presos. Luiz Rocha lamentou, ainda, as mortes e disse que monitorou toda a situação ao longo do dia.
Atualmente, a 1ª Vara de Execuções Penais tem 16 servidores e dois estagiários. Hoje, são 17 mil processos correndo na Vara, dos quais 600 aguardam progressão ou livramento condicional.