Padrasto premeditou estupro de Maria Alice

Gildo Xavier pretendia drogar a garota, violentá-la e depois fugir do Estado
Do JC Online
Publicado em 25/06/2015 às 19:48
Foto: Foto: André Nery/ JC Imagem


A jovem Maria Alice Seabra, de 19 anos, foi vítima de um crime planejado há dois meses, motivado por um antigo desejo sexual e executado em meio a um acesso de fúria por causa de uma tatuagem. A confissão do padrasto da garota, o mestre de obras Gildo Xavier, de 34 anos, feita nesta quinta-feira à delegada Gleide Ângelo, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), impressiona pela morbidez. Atormentado pela atração física que dizia sentir pela jovem desde que ela completou 16 anos, Gildo planejou drogá-la, violentá-la e a abandonar em algum lugar. Pretendia, depois disso, sumir para sempre, deixando para trás a esposa, mãe de Alice, além da filha de 11 anos que ambos têm juntos. Terminou estuprando e matando aquela que ele chamava de filha e que criava desde que ela tinha quatro anos.

Na última sexta-feira (19), Gildo resolveu dar cabo do plano macabro. Mentiu para o patrão, em Gravatá, no Agreste, onde trabalhava em uma obra. “Ele inventou que a filha tinha sido atropelada e que ele precisava voltar mais cedo para o Recife”, diz Gleide Ângelo. Com R$ 300 dados pelo chefe, ele alugou o Gol preto placa MVF-2636 por três dias. Já tinha intenção de usá-lo para violentar Alice e depois fugir do Estado. 

Por volta das 15h30 da sexta-feira, Gildo Xavier chegou em casa, no bairro da Estância, Zona Oeste do Recife, dizendo a Alice que tinha conseguido uma entrevista de emprego para ela. O plano era drogar a enteada usando o tranquilizante Rohypnol – conhecido como Rupinol – ainda em casa, antes de colocá-la no carro. Gildo não conseguiu, pois a esposa dele e mãe da garota, Maria José Arruda, estava sempre por perto.

No final da tarde da sexta-feira, Gildo convenceu Alice a ir à suposta entrevista de emprego. No percurso, tentou conversar amenidades com ela. Já com a ideia de violentá-la, ele pegou o caminho da BR-101, no bairro da Guabiraba, no Recife, próximo ao limite com o município de Paulista. Era noite quando ele parou o veículo e perguntou pela tatuagem que ela tinha feito no braço esquerdo. Tratava-se do nome, em árabe, do pai biológico dela, José Messias, falecido há dez anos. O autor da tatuagem foi o namorado de Alice, o tatuador Valmir Arruda. 

Alice então falou que não tinha que dar satisfação a Gildo. Enfurecido, o padrasto bateu a cabeça da garota na coluna do carro. Com ela ainda zonza, ele tentou dar um pouco do Rohypnol. Foi nesse momento que a mãe da garota ligou para o celular dele, que atendeu falando do apelido da esposa: “Mozão”. Entorpecida, Alice ainda teve forças para gritar por socorro ao perceber que a mãe estava ao telefone. Gildo então começou a bater na enteada, colocou-a no banco de trás, sufocou-a com um cinto e a estuprou. Depois de consumar a violência, o mestre de obras amarrou as mãos da garota com uma cueca. Entrou no primeiro canavial que viu, em Itapissuma, e a largou. Dez minutos depois, arrependeu-se e voltou para tentar reanimá-la. Era tarde: Alice estava morta.

Gildo fugiu para o município de Aracati, no Ceará, onde passou dois dias até resolver se entregar à Polícia, pressionado pela repercussão sumiço da jovem. Ele será indiciado pelos crimes de homicídios triplamente qualificado (feminicídio, sem chance de defesa e por motivo torpe), estupro, sequestro e ocultação de cadáver. As penas podem chegar a 48 anos. Gildo se encontra, desde ontem, no Centro de Triagem e Observação Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima. O enterro de Maria Alice Seabra acontece hoje, às 8h30, no Cemitério de Santo Amaro.

Foto: André Nery/ JC Imagem
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Maria Alice Seabra DHPP estupro
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