Espancar, drogar, violentar e matar a enteada de 19 anos, com quem conviveu durante 15 deles, não foram suficientes para “satisfazer” o “desejo sexual” alegado como motivo do crime do mestre de obras Gildo Xavier, 34. Perícias realizadas pelo Instituto Médico Legal (IML), concluídas esta semana, comprovam que a mão esquerda da estudante Maria Alice Seabra foi decepada pelo padrasto com o auxílio de um instrumento contundente pesado, como um machado ou facão. Gildo, assassino e estuprador confesso, nega ter sido autor da mutilação.
O resultado dos exames do IML foram cruciais para o desfecho do inquérito do caso. A delegada do Departamento De Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Gleide Ângelo, anunciou na quinta-feira (2) a conclusão das investigações. Segundo ela, Gildo Xavier, que estava preso em flagrante, teve prisão preventiva decretada e aguardará julgamento no Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. O agressor está confinado desde a noite do último dia 23, quando se entregou à polícia.
O padrasto sequestrou Alice no dia 19, no bairro da Estância, onde os dois moravam. Ele a apanhou com a desculpa de que havia arrumado uma entrevista de emprego para a menina em Gravatá, no Agreste pernambucano. Segundo a mãe da jovem, Maria José de Arruda, o marido sempre foi ciumento e já chegou a agredir ambas. O corpo da jovem foi encontrado cinco dias após o sequestro, num canavial em Itapissuma, na região metropolitana.
A ação criminosa, premeditada dois meses antes, chocou pela crueldade. Gildo Xavier foi indiciado por quatro crimes: sequestro qualificado (para fins sexuais); estupro; homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, sem chance de defesa e feminicídio; e ocultação de cadáver. A pena máxima prevista é de 48 anos de reclusão.
MISSA
Quinze dias depois da morte de Maria Alice, familiares e amigos realizam solenidade em memória da estudante, neste sábado (3), às 19h, na Capela de Santo Antônio, em Vila Tamandaré, na Estância, Zona Oeste do Recife. Alice foi sepultada dia 26, no cemitério de Santo Amaro, região central da cidade. Na ocasião, a menina ganhou aplausos, rosas e música de dezenas de pessoas que foram ao local se despedir.
A irmã de Alice, Angélica Seabra, informou ainda não ter sido avisada pela polícia sobre a conclusão do inquérito. Segundo ela, o desejo da família é de que a justiça seja feita e tudo seja esclarecido. "Hoje, só queremos que a justiça seja feita. Espero que a delegada insista para esclarecer tudo que esse monstro fez com minha irmã porque sei que ele ainda continua omitindo várias coisas. Vamos aguardar", declarou. "Eu e minha mãe estamos unidas para tentarmos superar a situação. É muito duro saber que minha irmã não está mais ao meu lado por causa de uma barbaridade cometida por um monstro. E saber que esse monstro se aproveitou de um sonho dela para fazer isso", desabafou Angélica.