A mãe do menino Carlinhos vai voltar ao Recife sem ter conseguido ver o filho na Argentina, para onde ele foi levado pelo pai no fim do ano passado. Muito abalada, a fisioterapeuta Cláudia Boudoux deixa Buenos Aires nesta terça-feira (20). "Estou muito dolorida, o baque foi muito grande porque nao consegui o que esperava, trazer meu filho de volta", explicou em entrevista ao Jornal do Commercio.
Segundo Cláudia, a volta antecipada foi motivada pelas duas filhas dela que ficaram no Brasil. "Decidi voltar porque eu não estou feliz aqui, estou precisando abraçar as minhas filhas, que estão chorando muito e precisando de mim".
Na sexta-feira (16), Cláudia viajou na intenção de trazer o filho Carlos Attias Boudoux, 9 anos, de volta à capital pernambucana, mas surpreendeu-se ao descobrir que o pai da criança, o advogado argentino Carlos Attias, acusado de levá-lo do Recife sem autorização, havia sido liberado pela justiça argentina e seguia na companhia do menino. "Minha cabeça ficou mais confusa quando soube que não ia nem ter o direito ou a oportunidade de ver meu filho ou abraçá-lo", afirmou a mãe.
Cláudia disse que não chegou a solicitar um encontro com o filho porque foi orientada pelos advogados a respeitar os procedimentos legais, um encontro poderia ser interpretado como um passo para o pedido de guarda da criança. "Acredito que a argentina tem boa relação com o governo brasileiro e que isso vai se resolver da melhor forma possível, só espero que não demore muito", afirmou.
JUSTIÇA
No final da tarde de sexta-feira (16), pela primeira vez, o
pai de Carlinhos concedeu uma entrevista à imprensa. De Buenos Aires, Attias conversou com a reportagem, enviou fotos e vídeos e afirmou que vai entrar com um processo na Justiça argentina para conseguir a guarda da criança. Segundo ele, o filho não quer voltar para o Brasil porque teria sofrido maus-tratos da mãe.
De acordo com a mãe de Carlinhos, ainda não se sabe porque a justiça argentina não cumpriu o pedido da difusão vermelha requerida pela Interpol e poucas horas de prender Carlos Attias o liberou. "Meu filho está de volta nas mãos da pessoa que o tirou cruelmente dos meus braços, do convívio com as irmãs e familiares, que está impedindo meu filho de ter uma vida normal", afirmou.
O governo do Estado entrou oficialmente no caso do garoto. A Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos está prestando assessoria jurídica para Cláudia Boudoux e o Ministério da Justiça já foi acionado e já entrou em contato com o Ministério da Justiça argentino para formalizar o pedido de repatriamento de Carlinhos.