A mulher que teve ácido sulfúrico jogado no rosto pelo ex-companheiro, em Nova Descoberta, na Zona Norte do Recife, nessa quinta-feira (4), sofria agressões constantemente, de acordo com a família. A irmã da vítima contou para a TV Jornal que o crime ocorreu depois que ela largou do trabalho. A mulher subia uma escadaria, para ir à casa da mãe, quando foi abordada pelo suspeito e o comparsa dele. Segundo testemunhas, o casal teve um relacionamento de 4 anos e tem um filho de 2 anos.
"Todo mundo que estava na escadaria foi ajudar ela. Botaram água, porque disseram que estava saindo fogo do rosto dela", contou a irmã da vítima. Ela contou ainda que a mulher sofria agressões e ameaças frequentes. "Ela chegava em casa com marcas. Tinha uma vez que ela chegou com queimadura em casa. Dessa última vez, ele começou a ir ao trabalho dela, ficar no estacionamento".
A mãe da vítima também demonstrou indignação com a agressão. "Ela está entre a vida e a morte e, se ficar boa, corre o risco de ficar cega. Minha filha está toda deformada por causa de uma pessoa que não aceita a separação e vive já com outra. Isso não existe! Hoje em dia, ninguém é obrigado a estar vivendo com quem não quer, não. Ele está casado com a atual esposa dele, mora com ela, mas não deixava minha filha em paz. Ele jogou um produto nela, queimou a roupa todinha dela no corpo, minha filha praticamente ficou nua na rua, pedindo socorro na rua", desabafa a mãe da mulher.
Ainda segundo a mãe, o ex-marido da filha já havia agredido a jovem, que já tinha sete queixas e cinco medidas protetivas contra ele. "Ele já foi no trabalho dela quando ela estava na parada de ônibus, ele, a atual dele, a cunhada e um amigo bateram na minha filha", relata a mãe que descobriu após o crime que ele já tinha uma tentativa de homicídio em 2013 e e outros Boletins de Ocorrência por agredir a prima.
Na manhã desta sexta-feira (5), foi preso o responsável por ajudar um homem a jogar ácido sulfúrico. De acordo com relatos da Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), o suspeito detido segurou a vítima enquanto o crime acontecia. O autor do crime ainda está sendo procurado.
A jovem e o suspeito de 30 anos moraram juntos durante quatro anos e estavam separados há três meses. Desde janeiro, a justiça já tinha determinado uma medida protetiva contra o ex-marido mas, de acordo com a irmã da vítima, ele já havia descumprido diversas vezes. “Ela foi em delegacia e nada mudou. Os policiais não fizeram nada, ninguém fez nada para mudar alguma coisa. Ela foi na Delegacia da Mulher e nada. Só com medida [protetiva], mas ninguém prende ele. Eu quero que ele seja preso, porque o que ele fez foi uma crueldade. Minha irmã é capaz de ficar cega por conta dele”, falou a irmã da jovem.
A mulher está internada no Hospital da Restauração e o estado de saúde dela é considerado gravíssimo. O suspeito e seu amigo conseguiram fugir.
A violência contra a mulher é constante e frequentemente acaba em tragédia. Existe uma história para contar por trás de cada feminicídio, em Pernambuco. O especial Uma por uma contou todas. Em 2018, o projeto mapeou onde as mataram, as motivações do crime, acompanharam a investigação e cobraram a punição dos culpados. Um banco de dados virtual, com os perfis de vítimas e agressores, além dos trágicos relatos que extrapolam a fotografia da cena do crime. Confira o especial Uma por Uma AQUI.