Sem que nenhum suspeito tenha sido preso mais de três anos após o crime, a família de Beatriz Mota, morta aos 7 anos, em Petrolina, no Sertão do Estado, em 10 de dezembro de 2015, vive uma angústia diária. Em busca de respostas, o grupo Somos todos Beatriz se reúne em um ato, a partir das 8h desta sexta-feira (19), em frente à uma delegacia da cidade. Nesta quinta-feira (18), a mãe da menina chegou a fazer greve de fome.
De acordo com o pai da garota, Sandro Romilton, desta vez, a família quer informações sobre o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, nesta quinta-feira (18), na casa onde estaria Alisson Henrique Carvalho, suspeito de apagar as imagens registradas pelas câmeras de segurança da escola no dia do crime. Segundo ele, nada foi encontrado no endereço. "A delegada foi até o local e não nos deu retorno. Vamos procurá-la para saber como foi o procedimento", resumiu.
O endereço da residência, em Petrolina, chegou por meio de uma denúncia anônima. Por conta do recesso de autoridades e da demora até que o mandado fosse cumprido no local, segundo Sandro, a mãe de Beatriz, Lucinha Mota, chegou a iniciar uma greve de fome. "Ela se revoltou, chegou na delegacia e não encontrou delegada, chegou no fórum, não encontrou juiz. Isso desgasta muito a gente", explicou.
A prisão preventiva do suspeito de apagar as imagens, ex-prestador de serviço do colégio onde a menina foi encontrada morta, foi decretada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) em 12 de dezembro de 2018. Na época, o advogado do homem afirmou que ele estava sofrendo "a maior injustiça que ele já viu em sua vida profissional" e não se entregaria.
Com a investigação sob segredo de justiça, a Polícia Civil não pôde confirmar informações sobre a ação relatada pela família da menina nesta quinta-feira (18). Por meio de nota, a instituição reiterou "o compromisso de todas as forças de segurança do Estado para a elucidação do caso".
Leia a nota da Polícia Civil
A Polícia Civil de Pernambuco entende a emoção e dor dos familiares da menina Beatriz Mota e reitera o compromisso de todas as forças de segurança do Estado para a elucidação do caso.
O inquérito hoje conta com 19 volumes e mais de 4 mil páginas com diligências sobre essa caso que desafia pela sua complexidade a PCPE, corporação que possui hoje uma das melhores taxas de resolução de homicídios do Brasil, que é 6,7 vezes maior que a média nacional.
Foi designada a delegada Polyana Neri para tratar exclusivamente do caso com equipe de policiais e estrutura necessária, além de contar com o apoio do Ministério Público e da Diretoria de Inteligência da PCPE. Ao longo do caso, avanços foram obtidos como a divulgação da imagem do suspeito. Essa imagem foi resultado do trabalho de peritos do Instituto de Criminalística (IC) para que a tornassem o mais clara possível, possibilitando a visualização das características do homem.
Não é possível fornecer mais detalhes sobre a investigação porque o trabalho corre sob segredo de justiça.
Apesar dos desafios, a PCPE tem plena confiança que o caso será elucidado, trazendo justiça e paz para os familiares e amigos de Beatriz Mota.
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O crime
A mãe foi a última a ver a pequena Beatriz com vida, durante a festa de formatura da irmã mais velha na Escola Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina, em 10 de dezembro de 2015. A menina pediu para beber água e desapareceu em seguida. O corpo foi encontrado cerca de 40 minutos depois, com 42 perfurações de faca.
O que aconteceu nesse espaço de tempo permanece um mistério, mesmo quatro delegados no comando das investigações. Em dezembro de 2016, quando o caso estava prestes a completar um ano, a família divulgou uma série de cards com questionamentos à polícia. Entre as muitas lacunas, os familiares queriam saber por que a escola realizou uma reforma sem motivos aparentes em uma sala de balé, próxima ao local onde Beatriz foi encontrada morta. A resposta nunca chegou. Na mesma época, a delegada Gleide Ângelo, famosa por desvendar casos de repercussão no Estado, foi designada para as investigações, que antes já haviam sido conduzidas pelos delegados Sara Machado e Marceone Ferreira.
Em março de 2017, o caso teve o seu maior avanço, com a divulgação das imagens do suposto assassino de Beatriz. Elas teriam sido recuperadas, após serem apagadas por um prestador de serviço da escola. A primeira negativa de acesso ao inquérito, que corre sob sigilo, ocorreu em novembro daquele ano. Após um protesto no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, a Polícia Civil designou a delegada Polyana Neri para atuar com exclusividade no caso.
Até dezembro de 2018, 50 pessoas que não haviam sido inquiridas foram ouvidas. Além delas, 30 testemunhas depuseram novamente, segundo nota enviada pela polícia.