A despedida dos festejos juninos foi marcada pela final do 17º Concurso de Quadrilhas Juninas Infanto-juvenis, na noite deste domingo (30), no Sítio Trindade, no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife. Diante de arquibancadas lotadas, a campeã foi a Junina Sapeca, que disputou a preferência dos jurados com os grupos Menezes na Roça, em segundo lugar, Brincant’s Show, que ficou em terceiro, além de Raízes do Rosário e Fusão . Todas receberam um prêmio de classificação, no valor de R$ 3 mil. Já os primeiros colocados receberam o prêmio no valor de R$ 5 mil, R$ 4 mil e R$ 3 mil, respectivamente.
Para Sophia Cleópatra , de apenas 10 anos, ter chegado à final já foi uma grande vitória. “Sempre adorei dançar quadrilha, minha família sempre participou dessas festas. Estou muito feliz em estar aqui”, declarou. Ela, que fez o papel da freira, participa há três anos da Junina Sapeca. “Fazemos um trabalho muito intenso com essas crianças. Algumas são bastante carentes, chegam aqui com fome. Então é um trabalho muito árduo para chegarmos até aqui”, afirmou o produtor cultural da Junina Sapeca, Bruno Soares, 34 anos. Com o tema “O Último a Chegar é Mulher do Padre”, a quadrilha contou a história de um casamento arranjado, do sumiço da noiva bem no dia do casório e de uma confusão bem grande, que acaba levando todo mundo para a cidade folclórica de Cordelândia, onde os ex-namorados Candeeiro e Lamparina se reencontram à procura da sumida Espoleta.
Diferente da modalidade "adulto", as quadrilhas infanto-juvenil recebem menos suporte financeiro. De acordo com o pedagogo e marcador de quadrilha, Danilo Menezes, 28 anos, a Junina Menezes na Roça não iria participar do São João deste ano. “Não há muito apoio para os grupos mirins, estávamos decididos a não fazer. Mas eles pediram muito e em março decidimos que iríamos participar do concurso”, explicou. São mais de 70 integrantes, e mesmo sem figurino, nas primeiras etapas, eles conseguiram obter uma ótima pontuação e chegaram a final. A Junina Menezes é do bairro da Macaxeira, que venceu a 16ª edição do concurso, no ano passado, e levou ainda os prêmios de Melhor Desenvolvimento de Tema, Melhor Figurino e Melhor Casamento.
O enredo deste ano foi a história de um menino abandonado na porta da igreja, por ter uma deformidade no rosto, e uma menina cigana que se acidenta e fica sem conseguir andar, depois de vencer um concurso para noiva da quadrilha. Juntos, eles ensinam uma grande lição de solidariedade e aceitação. O tema é “Sem amor, eu nada seria”.
O projetista da Brincant’s Show, Anderson Carvalho, 29 anos, afirmou estar emocionado por representar o seu bairro, o Ibura, e ressalta a importância de trabalhar com esses jovens - fazem parte da quadrilha 52 jovens de 7 a 15 anos. “Essa é uma oportunidade de tirar crianças e jovens da marginalidade. Lutamos muito para chegar até a final. Uma das maiores dificuldades é conseguir dinheiro para fazer os figurinos, mas eles estão muito felizes com o resultado”, declarou. Baseado no livro do autor Fábio Sombra, o espetáculo, com o tema “No Reino do Vai não Vem” tratou de um poeta cordelista, que tem sua rabeca Veridiana roubada e se lança a procurá-la, embrenhando-se no Reino do Vai Não Vem para pelejar contra os mais variados personagens da literatura de cordel.
Melhor Figurino - Junina Sapeca (Bruno Soares e Wellington Vinícius)
Melhor Casamento - Menezes na Roça (Caio Augusto, Danilo Menezes, Ellen Menezes, Pedrita Queiroz e Luana Felix)
Melhor Marcador - Junina Sapeca (Diego Bertto - Ceará)
Melhor Desenvolvimento do Tema - Junina Fusão (George Araújo)
Melhor Trilha Sonora - Matutinho Dançante (Rodolfo Henrique e Fernanda Silva)
Melhor Coreografia - Junina Sapeca (Welmo Vinícius e Diego Bertto)