Hospitais filantrópicos pedem socorro

Unidades do Estado ostentam em suas fachadas cartazes pretos com letras brancas chamando a atenção para a crise
Da editoria de Cidades
Publicado em 30/09/2014 às 7:39
Unidades do Estado ostentam em suas fachadas cartazes pretos com letras brancas chamando a atenção para a crise Foto: Foto: Edmar Melo/JC Imagem


Hospitais filantrópicos do Estado ostentam em suas fachadas cartazes pretos com letras brancas. Os dizeres “Os hospitais filantrópicos pedem socorro” chamam a atenção de quem passa em frente às unidades. O ato, um grito de socorro de proporção nacional, pretende chamar a atenção para a atual situação das unidades de saúde beneficentes no País e levar a debate público o investimento para o repasse da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com a Federação dos Hospitais Filantrópicos de Pernambuco (Fehospe), desde 2005 a tabela de procedimentos do SUS, que apresenta valores a serem pagos a hospitais particulares e filantrópicos que possuem convênio com o sistema, está congelada. Um exemplo seria o repasse de cerca de R$ 530 por parto, enquanto os gastos com o procedimento ficam em torno de R$ 1.200.

Por outro lado, a dívida dos hospitais em todo o Brasil só aumenta. Segundo a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Brasil (CMB), em 2013, a dívida das instituições de saúde filantrópicas era estimada em R$ 15 bilhões. Destes, R$ 5,4 bilhões eram referentes a débitos com a União e R$ 10 bilhões, acumulados com bancos e fornecedores.

Para o superintendente-executivo da Santa Casa de Misericórdia no Recife, Fernando Costa, uma das instituições filantrópicas mais tradicionais do Estado, o movimento, realizado em vários Estados, é uma forma de alertar a sociedade para a situação das entidades no País. “A cada R$ 100 gasto em um procedimento, a tabela do SUS só cobre R$ 35. Existe uma defasagem de 35%. Com isso, houve um subfinanciamento desses procedimentos, através de endividamento bancário e fiscal”, explica o superintendente-executivo.

Pelo menos 12 do total de 24 hospitais filantrópicos de Pernambuco aderiram à paralisação e afixaram os cartazes em protesto. Juntas, as instituições possuem 3 mil leitos e são responsáveis por aproximadamente 150 mil atendimentos mensais. Grande parte delas destina de 90% até 100% da sua capacidade no atendimento do Sistema Único de Saúde, ainda que a legislação exija apenas 60%.

“Os hospitais filantrópicos são os grandes parceiros do SUS, que fazem mais com menos”, observa Fernando Costa.

TAGS
hospitais filantrópicos Santa Casa de Misericórdia crise socorro faixa
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory