Câncer de mama: biossensor desenvolvido em Pernambuco ganha prêmio nos Estados Unidos

Equipe competiu com 244 times do mundo na categoria geral e com 39 times na categoria saúde
Do JC Online
Publicado em 07/11/2014 às 10:00
Equipe competiu com 244 times do mundo na categoria geral e com 39 times na categoria saúde Foto: Foto: Rodrigo Carvalho/ JC Imagem


Os pesquisadores do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) conquistaram a medalha de prata na iGEM Competition 2014 com um biossensor que detecta o câncer de mama precocemente. O desenvolvimento deste dispositivo, que cabe na palma da mão, pode significar a esperança para milhares de mulheres na luta contra esta doença. O iGEM, que aconteceu em Boston, Estado Unidos, é uma competição mundial criada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) para promover a evolução da biologia sintética.

"Fiquei extremamente feliz quando vi o nosso grupo na lista da medalha de prata concorrendo com 250 grupos do mundo todo", comentou o professor José Luiz Lima Filho, instrutor e responsável pelo projeto de biossensor de mama, e diretor do LIKA-UFPE. Na próxima semana, os pesquisadores vão a Brasilia para concorrer a melhor trabalho cientifico para aplicação no SUS.

O evento aconteceu entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro e reuniu mais de 3 mil participantes, em cinco dias de palestras e apresentações de projetos. A equipe pernambucana foi uma das quatro brasileiras a participar da competição que contou com 244 times do mundo na categoria geral e com 39 times na categoria saúde.

A apresentação do biossensor foi realizada no dia 2 de novembro, com fotos, vídeos, resultados e comprovação do funcionamento do robô que trata e prepara a amostra do sangue da paciente para ser colocada no biossensor. Esta foi a primeira competição internacional de genética que o LIKA e o Cesar participam.

A equipe que apresentou o trabalho contou com seis pesquisadores e o professor José Luiz de Lima, diretor do LIKA e um dos tutores da pesquisa. Parte dos 12 integrantes da equipe não pôde estar presentes no evento. A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Porto Gestores e a Secretaria de Tecnologia do Estado colaboraram com os custos para a participação do grupo na competição.

BIOSSENSOR - A biomédica do LIKA,  Débora Zanforlin, explica que o diferencial do modelo desenvolvido por eles é a possibilidade de identificar as células de câncer de mama antes mesmo de o tumor se formar. O sistema apresentado pela equipe pernambucana foi desenvolvido com a utilização de técnicas de robótica e uso de componentes biológicos para reconhecimento das células cancerígenas no sangue. “Essas células produzem determinadas substâncias que serão identificadas pelo biossensor”, esclarece.

O biossensor funciona com o auxílio de um robô, desenvolvido pelo Cesar, que trata e prepara a amostra de sangue para o exame. Só depois ela vai para o dispositivo. “No futuro, pretendemos desenvolver um equipamento portátil que possa ser levado a qualquer parte”, revela Filipe Villa Verde, da equipe do Cesar. “A ideia é colocar o sangue direto no biossensor.”

As pesquisa começaram há de dois anos, mas os testes com mulheres só começaram em outubro deste ano, no Hospital Barão de Lucena. Os pesquisadores criaram um hotsite que reúne mais informações sobre o projeto. O Instituto Nacional de Câncer estima que sejam registrados mais de 57 mil novos casos da doença este ano. 

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