Lei que garante amparo a pessoas com autismo será promulgada nesta segunda-feira

Proposta prevê tratamento individualizado e multidisciplinar para crianças e adultos que convivem com a síndrome, além do acesso gratuito a medicamentos
Maria Regina Jardim
Publicado em 25/04/2015 às 7:30
Proposta prevê tratamento individualizado e multidisciplinar para crianças e adultos que convivem com a síndrome, além do acesso gratuito a medicamentos Foto: Foto: Guga Matos/JC Imagem


A lei que protege a pessoa com transtorno do espectro autista, aprovada no início do mês, será promulgada na segunda-feira (27), na Assembleia Legislativa de Pernambuco. O texto, de autoria da mesa diretora da Casa, prevê o tratamento individualizado e multidisciplinar para crianças e adultos que convivem com a síndrome, além do acesso gratuito a medicamentos.

A proposta é considerada um avanço no amparo à pessoa com autismo. O acompanhamento especializado engloba atendimento médico, de psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. Além disso, a lei prevê a inclusão dos estudantes com o transtorno nas classes regulares de ensino público e privado.

Atualmente, os pais de crianças com autismo consideram o tratamento voltado à síndrome muito precário na rede pública de saúde. “Para conseguirmos um diagnótisco, já é uma grande luta. Precisamos de um conjunto de profissionais especializados que trabalhem unidos para garantir o desenvolvimento da criança”, explicou o teólogo Otacílio da Silva Filho, 35, pai de João Miguel, 5.

Otacílio contou que precisou se mudar do município de Cupira, no Agreste pernambucano, para encontrar, no Recife, um atendimento adequado para o filho. “Muitos ainda consideram o autismo uma doença, mas não é. A criança com autismo é muito inteligente e determinada, eles só interpretam as coisas e se expressam de uma maneira diferente da considerada comum”, afirmou.

A dona de casa Karla Dircksen Dutra, 36, mãe de Caio, 5, revelou se sentir receosa quanto à aplicação da nova lei. “É uma notícia maravilhosa, só de podermos discutir sobre o assunto, de dar voz a pessoas com autismo, é um grande marco. Mas muito ainda precisa ser feito”, disse.

Para alguns profissionais de saúde, cabe ao governo instituir, em todo o Estado, uma política específica para o tratamento de pessoas que convivem com o transtorno. “Há pouquíssimos especialistas no transtorno do espectro autista em Pernambuco. Não há sequer um estudo sobre a quantidade de pessoas com autismo no Estado. Nem mesmo a rede pública de saúde da capital pernambucana possui profissionais habilitados para o atendimento apropriado”, informou a psicóloga Roberta Monteiro, que atende na Clínica Somar, na Torre, Zona Oeste do Recife. 

Segundo a psicóloga, o acompanhamento especializado pode garantir qualidade de vida e um maior grau de independência à pessoa com autismo. “É fundamental para a saúde e a vida de quem convive com a síndrome”, declarou. 

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