No último dia 3, o paraibano Carlos Antônio dos Santos Freitas, 28 anos, foi levado ao Centro de Abastecimento (Ceasa) da cidade de Patos, no Sertão da Paraíba, para ser pesado. A balança, usada para calcular o volume das cargas, revelou que cerca de 420 quilos estão distribuídos pelo corpo do jovem, que chega ao Recife amanhã para ser atendido no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Zona Oeste da cidade.
A superobesidade e as limitações que a doença tem deixado na vida de Carlinhos, como é carinhosamente chamado, sensibilizou os médicos da unidade de saúde. “Estamos com toda a boa intenção do mundo para ajudá-lo, pois sabemos que enfrenta uma situação muito grave”, diz o chefe do Serviço de Cirurgia-Geral do HC, Álvaro Ferraz.
Sobre o plano terapêutico que será oferecido ao rapaz, o médico diz que é impossível fazer essa previsão e lista os motivos: “Nunca o examinei. Só vi os vídeos pela internet, que já demonstram quão sério é o caso. Além disso, sabemos que jamais ele pode ser operado agora para tratar a obesidade, pois precisamos controlar as condições de saúde dele, como infecção urinária.”
Outro detalhe é que a equipe médica não conhece as doenças associadas à obesidade que Carlinhos possa ter. “A única certeza que temos é que ele não pode continuar desamparado. Então, estamos nos mobilizando em todas as esferas. Tudo será uma surpresa para a gente.” O médico informa que, desde 1997, quando foi iniciado o Programa de Cirurgia Bariátrica do hospital, o paciente mais pesado que passou pela cirurgia bariátrica na unidade tinha 320 quilos. “Hoje, ele está bem.”
Para receber Carlinhos, o HC precisou fazer modificações na infraestrutura, além de se articular com o Corpo de Bombeiros, que estará no hospital para ajudar na locomoção do jovem, que não anda nem fica em pé. Vive sentado no chão, onde dorme e se alimenta. “Para acomodá-lo, tivemos que soldar uma cama a outra. E no 10º andar, onde ficará internado, foi derrubada uma parede da enfermaria para alargar a porta”, informa o chefe da Divisão Médica do HC, Roberto Campello.
Há uma incógnita em relação ao transporte até o 10º andar, já que a largura de Carlinhos é maior do que a do elevador. Tem 1,99 metros de circunferência de cintura, segundo informa a médica que vai recebê-lo na quinta-feira, a cirurgiã Luciana Siqueira. A médica informa que Carlinhos tem 149 de índice de massa corporal (IMC), o que ela define como bem mais do que uma superobesidade.
De Patos até o HC, Carlinhos será conduzido através de um esquema montado pela Associação Paraibana dos Bariátricos, em parceria com a prefeitura daquela cidade. “Ele vem em um carro cujos bancos traseiros foram retirados. Uma ambulância e o Corpo de Bombeiros escoltarão o trajeto”, diz Aderlene da Silva, membro da entidade. Ela e a mãe de Carlinhos, a dona de casa Cacilda dos Santos, também farão o acompanhamento.
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