Superobeso está sob cuidados de um exército de profissionais

Hospital das Clínicas mobiliza médicos de mais de 10 especialidades, além de outros profissionais da área de saúde, para amparar Carlinhos
Cinthya Leite
Publicado em 13/08/2015 às 8:04
Foto: NE10


Quando o Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) decidiu acolher o paraibano Carlos Antônio dos Santos Freitas, 28 anos, sabia que estava abraçando um desafio imenso. Conhecido como Carlinhos, o jovem, que chegou à unidade de saúde com 420 quilos, é o paciente mais pesado atendido até hoje pelo hospital, que realiza cerca de 100 cirurgias bariátricas por ano. Passado o primeiro mês de internamento do rapaz, a equipe do HC sente que tem alcançado o objetivo da primeira fase do tratamento: preparar Carlinhos para se submeter à cirurgia bariátrica, que deve ser realizada no início de 2016.

Ao mobilizar médicos de mais de 10 especialidades, além de outros profissionais da área de saúde, o HC conseguiu atingir a primeira meta da assistência: controlar as feridas infectadas nas pernas e o edema nos membros inferiores causados por retenção de líquido. “Quando eu apalpava as pernas de Carlinhos para examinar o edema, a marca do meu polegar demorava a desaparecer, o que não acontece mais”, diz o chefe do Serviço de Cirurgia-Geral do HC, Álvaro Ferraz. 

Os ganhos são verificados a olhos nu: “Houve diminuição do volume dos membros inferiores e percebemos que ele se cansa menos quando realiza os exercícios de fisioterapia. É um sinal de melhora no condicionamento cardiovascular e um bom parâmetro para  indicarmos, lá na frente,  a cirurgia bariátrica com menos  riscos de complicações”, diz a gerente de Atenção à Saúde do HC, Ana Caetano. 

Infográfico

Carlinhos

Não dá para saber quantos quilos Carlinhos perdeu até agora porque balanças tradicionais não suportam o peso dele. Ao fazer medições de partes do corpo do jovem, já se verificou que o tratamento está sendo eficaz. “Nesse caso, a medição da circunferência do braço é o parâmetro para avaliarmos se há perda de peso. Em um mês, o braço diminuiu cinco centímetros”, informa a nutricionista Cristiane Marrocos.

O foco da assistência terapêutica agora é reforçar o trabalho de fortalecimento muscular para que, em breve, os profissionais possam tentar levantar Carlinhos, que tem como maior sonho voltar a andar. Fisioterapeutas do HC estão desenvolvendo um equipamento que será usado em atividades de reabilitação. “Não desistimos de usar o guindaste oferecido pelo Hospital Esperança e já usado para transportar um paciente com superobesidade. Só utilizaremos primeiramente o equipamento que está sendo criado pelos fisioterapeutas para, em seguida, usar o guindaste, que ajudará a mobilizar Carlinhos”, justifica Álvaro. 

Relações públicas da Associação Paraibana dos Bariátricos (entidade que mobilizou o HC para receber Carlinhos), Aderlene da Silva confirma que  o jovem está  menos inchado. “É  gratificante ver que ele está sendo bem assistido pelo hospital.” Ela acrescenta que a preocupação dos profissionais vai além do tratamento da obesidade. “Como ele não sabe ler, a enfermeira-chefe e uma fisioterapeuta pensam em levar um professor para o hospital para tentar alfabetizá-lo”, relata Aderlene, que já fez companhia a Carlinhos no HC por alguns dias. 

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