Autoridades de saúde discutem ações ofensivas contra o Aedes aegypti

Especialistas debatem estratégias para combater avanço do mosquito transmissor de dengue, chicungunha e zika, doença relacionada à microcefalia
Cinthya Leite
Publicado em 24/11/2015 às 5:44
Especialistas debatem estratégias para combater avanço do mosquito transmissor de dengue, chicungunha e zika, doença relacionada à microcefalia Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem


Responsável por transmitir três doenças que podem causar complicações de leves a graves, o mosquito Aedes aegypti nunca provocou tantas discussões no Brasil, especialmente depois de o Ministério da Saúde (MS) considerar altamente provável a relação da zika com o aumento incomum no número de casos da microcefalia – malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada.

Autoridades públicas de saúde, médicos e pesquisadores tentam unir forças com a intenção de criar estratégias eficazes para combater o avanço do mosquito nos próximos meses. Hoje, em Brasília, o ministério lança a campanha de combate à dengue e chicungunha para 2016, além de reunir os dirigentes da pasta de todo o País com a intenção de pensar em medidas que possam ser adotadas para combater o Aedes aegypti.

“Desde setembro, Pernambuco tem intensificado o plano de contingência da chicungunha e dengue em nível municipal. Além disso, estamos bem preocupados com a introdução da zika no Estado, o que aumenta a chance de várias pessoas adoecerem. Outro problema é que a situação climática atual não está favorável, pois a temperatura está mais elevada. Junto a isso, as pessoas continuam a armazenar água. Tudo torna o ambiente favorável à proliferação do mosquito”, informa a coordenadora de Controle da Dengue e Febre Chicungunha da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Claudenice Pontes.

Hoje, em Brasília, ela diz esperar uma mudança na forma com que os Estados devem lidar com os registros de zika. “Espero que possamos separar as notificações de dengue e zika”, frisa Claudenice. Em junho, a SES confirmou quatro casos no Estado do vírus da zika. A partir disso, foi recomendado que os casos suspeitos fossem notificados como dengue. 

O secretário de saúde do Recife, Jailson Correia, diz estar preocupado também com os casos de chicungunha e, por isso, frisa que o município já começa a se preparar para as ações de combate ao mosquito nos próximos anos. “Este ano contamos com parceira do Exército para reforçar o enfrentamento a dengue e chicungunha. Além disso, passamos a realizar plantões nos fins de semana para eliminar criadouros”, diz.

Possivelmente, segundo o secretário, serão usados novamente todos esses mecanismos, já que o número de casos das doenças voltou a aumentar recentemente, depois de o Recife ter mantido, por semanas, a epidemia sob controle. “Não podemos descartar uma nova epidemia e, por isso, trabalhamos para lidar com o mais difícil cenário de enfrentamento ao mosquito”, garante. 

Para o médico Carlos Brito, membro do Comitê Técnico do Ministério da Saúde, o Estado de Pernambuco deve passar brevemente por um aumento de casos de chicungunha. “É nossa grande preocupação. É preciso criar um protocolo de tratamento da dor para essa doença, pois os pacientes afetados relatam dores muito intensas que não respondem aos analgésicos habituais. A chicungunha é limitante e incapacitante na sua fase aguda”, salienta Carlos Brito. 

Preocupados em intensificar as estratégias de combate ao mosquito, os secretários estaduais de Saúde solicitaram, sexta-feira (20), a criação de ações conjuntas ao MS para enfrentar o Aedes aegypti. O governo federal convocou 17 ministérios para auxiliar no combate ao vetor. 

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