Bebês de Itapetim com suspeita de microcefalia serão atendidos no Oswaldo Cruz

Cidade do Sertão de Pernambuco tem 10 casos notificados da anomalia congênita
Cinthya Leite
Publicado em 26/12/2015 às 7:24
Cidade do Sertão de Pernambuco tem 10 casos notificados da anomalia congênita Foto: Ricardo B. Labastier




O Ambulatório de Infectologia Pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) recebe, na tarde desta segunda-feira (28), os dez bebês com suspeita de microcefalia que moram em Itapetim, no Sertão de Pernambuco. Como o município não conta com uma rede de saúde adequada para oferecer atendimento a essas crianças e suas famílias, o hospital organizou uma estrutura especial para avaliar os bebês. A realidade de Itapetim, que tem 13.780 habitantes segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chama a atenção dos especialistas pelo número de casos suspeitos da malformação congênita em relação ao universo de recém-nascidos na cidade (são cerca de 200 nascidos vivos por ano).

Os bebês que vêm de Itapetim receberão acompanhamento como todos os outros que são examinados de acordo com o protocolo para investigação de casos de microcefalia em Pernambuco. Eles passarão por avaliação neurológica e serão submetidos a alguns exames. “Farão coleta de sangue e tomografia. O teste da orelhinha será realizado no Hospital Agamenon Magalhães. Para dar tempo de seguir essa programação, eles e suas mães ficarão em casas de apoio até a terça-feira”, informa a infectopediatra Regina Coeli Ramos, do Huoc. O histórico das mães também será analisado. Os médicos questionam as mulheres sobre a evolução da gestação, controle do pré-natal, doenças maternas pré-existentes e presença de manchas vermelhas na pele durante a gestação, além de outros detalhes.

Na segunda-feira, as famílias que estiverem no Ambulatório de Infectologia Pediátrica do Huoc também serão ouvidas pelos especialistas que estão à frente do programa de atendimento em saúde mental para mães de bebês com microcefalia. “Neste primeiro momento, não vamos realizar uma terapia formal, mas faremos uma roda de conversa. Queremos ouvir a história de cada uma das mães”, diz a psiquiatra Kátia Petribú, professora da Universidade de Pernambuco que organiza esse programa de suporte psicossocial, com a chancela da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Oficialmente, as terapias em grupo comandadas por psicólogos do Huoc iniciam no dia 20 de janeiro. Se necessário, as mães passarão por atendimento psiquiátrico no hospital. 

Na terça-feira (29), os especialistas que participam da estruturação do atendimento em saúde mental para as mães se reúnem com especialistas do Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer Pernambuco (GAC), que treinará pessoas interessadas em atuar como voluntários do programa. “Precisamos da ajuda da população. Para isso acontecer de forma padronizada, pensamos no GAC, que tem experiência em voluntariado. As pessoas podem ajudar especialmente no momento em que as mães estiveram nos grupos de apoio. Enquanto elas estão em terapia, os voluntários cuidam dos bebês”, conclui Kátia. 
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