O vírus da chicungunha é agressivo e tem o poder de causar dores intensas nas articulações não apenas na fase inicial da doença, mas também meses e anos após o início dos sintomas. Para evitar a incapacidade do doente por longo período de tempo e comprometimento das atividades do dia a dia, os médicos precisam fazer o diagnóstico precoce e prescrever tratamento adequado quando aparecem as primeiras manifestações da doença. Por isso, o Ministério da Saúde acaba de lançar um guia para orientar os profissionais de saúde sobre a melhor forma de acompanhar os pacientes acometidos por um vírus que, só em Pernambuco, acometeu mais de 26 mil pessoas em 2016, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES).
“É o primeiro protocolo sistematizado do mundo, que explica passo a passo a abordagem da dor na chicungunha nas diferentes fases da doença: aguda, subaguda e crônica. Há um documento francês que sugere algumas condutas, mas sem sistematização e que difere bastante do que elaboramos”, informa o clínico geral Carlos Brito, membro do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde e professor da Universidade Federal de Pernambuco. Ele participou da elaboração do protocolo, que foi publicado na última edição da Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
O guia, segundo o especialista, ajuda o médico a prescrever o medicamento adequado para os sintomas, a dose que deve ser indicada para cada caso e o período em que a medicação deve ser usada. “Percebemos que muitos pacientes apresentam complicações por muito tempo porque não têm acesso ao tratamento adequado. Na fase aguda (inicial), que é a mais crítica, há relatos de uso de doses de medicamento abaixo do recomendado ou utilização de anti-inflamatórios e corticoides nesse período da doença, o que não é recomendado”, frisa Carlos.
O médico destaca que, com o guia, os médicos poderão ter segurança para usar medicações para dor indicados para combater a infecção, em doses e tempo adequados. “O protocolo mostra efetividade. Nos pacientes que seguiram as recomendações, observamos que os sintomas regridem”, finaliza Carlos Brito.