No momento em que o Brasil vivencia um surto de febre amarela que já causou 260 mortes, número que faz dessa epidemia a mais mortal desde 1980, os postos de saúde do Recife estão sem a vacina contra a doença, que acometeu pelo menos 846 pessoas (considerando só casos confirmados) no País na atual sazonalidade, que considera o período de 1º de julho até a última terça-feira (6). Portanto, quem precisa viajar a áreas de risco e recorre a locais da cidade onde deveria ter o produto não consegue se imunizar. Clínicas particulares também estão sem a vacina, que custa R$ 240.
Em nota, a Secretaria de Saúde do Recife confirma que as unidades de referência para imunização contra febre amarela da prefeitura (ao todo, são 11) estão sem doses da vacina. Já a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informa que a falta do produto pode ser explicada pelo aumento da procura pela vacinação.
“Entre janeiro e março deste ano, o Recife recebeu cerca de 27,5 mil doses da vacina. Anteriormente, a média mensal para o município era de 2,2 mil doses. Com o aumento da procura, a SES, juntamente ao Ministério da Saúde, que repassa as doses aos Estados, tem ampliado a oferta para a cidade”, destaca, em nota, a SES.
Atualmente, segundo a pasta, o Estado aguarda o envio de nova remessa do imunizante, pelo Ministério da Saúde, para encaminhar novas doses à capital pernambucana. A secretaria ainda acrescenta que os demais municípios do Estado estão abastecidos do imunizante. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde garantiu que “o abastecimento da vacina para febre amarela está regular em todo o País”.
O órgão acrescentou que, neste ano, já foram enviadas 60 mil doses do imunizante a Pernambuco para atender a demanda de vacinação do viajante. O ministério também reforçou que “envia as doses aos Estados, que são responsáveis por gerenciar e estabelecer um fluxo de distribuição para os municípios”.
Em São Paulo, até a terça-feira (6), 8,4 milhões de pessoas foram vacinadas; no Rio de Janeiro, 7,1 milhões receberam a aplicação do imunizante.
Até o momento, o Estado de Pernambuco tem quatro casos notificados de febre amarela, sendo três descartados e um confirmado. Todas as ocorrências foram importadas, de pessoas que estiveram em áreas de risco. Vale ressaltar que o vírus não circula em Pernambuco, que permanece sem registro de casos autóctones (aqueles cuja infecção se originou no próprio Estado).
Essa constatação leva o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde a considerarem o Estado como de baixo risco de transmissão da doença. Por isso, até o momento, a vacina continua sendo indicada apenas para aqueles que viajarão para as áreas com recomendação de vacina.