Possíveis vítimas de 'agulhadas' no Carnaval fazem fila em hospital

Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, 25 pessoas foram atendidas até esta manhã. Agora, a fila de pacientes aumentou
JC Online
Publicado em 06/03/2019 às 18:13
Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, 25 pessoas foram atendidas até esta manhã. Agora, a fila de pacientes aumentou Foto: Foto: Bruno Campos/TV Jornal


No Hospital Correia Picanço, no Recife, dezenas foliões que suspeitam terem sido atingidos por agulhas durante o Carnaval 2019 fazem uma fila para tomar medicamentos contra a infecção de HIV e outras doenças. Nesta quarta-feira (06), a Secretaria de Saúde do Estado, através de nota, que 25 pessoas foram atendidas na unidade de saúde se dizendo vítimas de agulhadas no Carnaval de Pernambuco.

Pacientes

O diretor do Correia Picanço, Thiago Ferraz, explicou em que condições os pacientes chegaram à unidade de saúde. "Algumas pessoas chegaram com lesão de pele e estavam no meio do Carnaval, a maioria em Olinda, mas também no Galo, Recife Antigo e outros locais da Região Metropolitana. Elas realizam o teste rápido de HIV, para saber se não tinham a doença antes. Sendo negativo, recebem a profilaxia, para a proteção contra o HIV. Elas vão tomar por 28 dias".

Dos casos, pelo menos 15 eram mulheres, entre 17 e 46 anos. Entre elas há uma turista de Minas Gerais. Segundo Thiago Ferraz, o risco de transmissão de HIV por material perfuro-cortante é menor que através de relações sexuais. "Mas tem muitas variávies, como qual o fluído que estava no material e a situação de carga viral da pessoa da qual o fluído fazia parte", explica.

Todos os pacientes admitidos na unidade, que é referência estadual no tratamento de doenças infecto-contagiosas, passaram pela profilaxia pós-exposição (PeP), tratamento padrão usado na prevenção da infecção pelo HIV. Em seguida, após a avaliação médica, foram liberados com a orientação de retorno após 30 dias para conclusão do tratamento.

Os pacientes também foram orientados a procurar os órgãos competentes para dar seguimento à investigação das ocorrências, já que as investidas podem ser tipificadas como crime. Até o momento não houve registro de queixa.

Monitoramento

Segundo a secretaria, os registros da saúde estão sendo monitorados 24 horas por dia no Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde (CIOCS), sala de situação instalada na sede da SES, no bairro do Bongi.

Uma equipe de gestores acompanha as ações por meio de painéis situacionais, permitindo agilidade na compilação de dados, além de agrupar número de atendimentos e doenças de notificação compulsória. O trabalho funciona conectado às notificações do AMBER, que produz relatórios em tempo real com os dados gerados nos serviços de saúde.

"Carnaval pra mim acabou"

Um policial de 27 anos, morador do Recife, está entre as vítimas de furadas de agulha durante o Carnaval de Pernambuco. Ele conta que foi atingido em Olinda, mais precisamente nos Quatro Cantos, quando ia atrás de um bloco com duas amigas, no Sábado de Carnaval. "Senti uma furada no braço e imaginei que era uma picada de abelha. Uns dois minutos depois, notei que era uma agulhada. Como eu sou policial, já sabia qual seria o procedimento e o hospital que atendia esses casos", relata, dizendo que, depois daquilo, o Carnaval acabou para ele.

O rapaz ficou surpreso ao chegar ao Correia Picanço, hospital de referência para doenças infecto-contagiosas, localizado na Tamarineira, Recife. "Três pessoas já estavam lá, aguardando atendimento na mesma situação", lembra. E enquanto ele estava lá, mais duas chegaram, furadas nos braços ou nas costas. Entre as seis vítimas que procuraram o hospital ao mesmo tempo, cinco eram homens e uma era mulher. Quase todos foram atingidos na mesma região, nos Quatro Cantos, um dos principais points do Carnaval de Olinda.

"Fiz todo o procedimento que eles fazem no hospital - primeiro exames para ver se você já tem alguma doença e depois comecei a tomar o coquetel anti-aids. Vou ter que tomar por 28 dias uma medicação forte, que impõe uma série de restrições, como não consumir bebida alcoólica. Dali eu já fiquei morgado. Pedi às pessoas que postassem, compartilhassem a história. Minhas amigas que estavam comigo fizeram isso. Pra mim o Carnaval acabou", desabafou. A única coisa que o tranquilizou foi que o médico que o atendeu disse que é praticamente de 100% a eficiência do tratamento na prevenção da infecção pelo HIV.

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