O município de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, é uma das três cidades brasileiras que realizarão a etapa final, no segundo semestre deste ano, do método Wolbachia para o combate ao mosquito Aedes aegypti, antes de ser incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS). A nova fase do projeto World Mosquito Program Brasil (WMPBrasil), da Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde, será testado também em Campo Grande (MS) e em Belo Horizonte (BH). As três cidades servirão de base para verificar a eficácia da metodologia nas regiões do Centro- Oeste, do Nordeste e do Sudeste.
A metodologia, segundo o governo federal, é inovadora, autossustentável e complementar às demais ações de prevenção ao
mosquito, que transmite dengue, chicungunha e zika. A tecnologia consiste na liberação do Aedes com o microrganismo Wolbachia
na natureza, a fim de reduzir a capacidade de transmissão das arboviroses.
O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, reforçou que a estratégia de combate ao mosquito continua sendo responsabilidade de
toda a sociedade. “Essa (método Wolbachia) é uma estratégia complementar. Governo e população precisam continuar fazendo sua parte. No âmbito da pesquisa, estamos dando um importante passo. Tínhamos duas linhas de trabalho, sendo uma voltada ao controle do mosquito com o uso de inseticidas, e outra direcionada ao controle biológico, que é o caso do uso da Wolbachia. Essa última pesquisa foi muito bem em todas as etapas, desde a parte teórica até o ensaio clínico em laboratório, como também no teste em cidades de pequeno porte. Agora, vamos testar em cidades acima de 1,5 milhão de habitantes”, disse o ministro durante evento da pasta, em abril.
Ele acrescenta que brevemente a tecnologia chegará a outras cidades. O trabalho envolverá tanto a área de assistência, com o
acompanhamento do número de casos, quanto a de entomologistas (profissional que estuda os insetos e relações com o homem), a fim de investigar a prevalência do mosquito. A expectativa é que a última fase de testes dure cerca de três anos. Para todo o processo, o Ministério da Saúde vai destinar R$ 22 milhões.
O método Wolbachia tem se mostrado importante no trabalho de proteção das doenças propagadas pelos mosquitos, uma vez
que o Aedes com o microrganismo (que têm a capacidade reduzida de transmitir dengue, zika, chicungunha), ao ser solto na natureza, reproduz-se com mosquitos de campo e geram Aedes com as mesmas características, tornando o método autossustentável. A iniciativa não usa modificação genética.
A partir deste ano, os agentes de endemias dos municípios pernambucanos, responsáveis pelas visitas domiciliares para detecção,
tratamento e eliminação dos focos do mosquito, ganham um novo recurso tecnológico aliado à rotina de combate ao Aedes. Trata-
se do aplicativo e-visit@PE, desenvolvido e cedido à Secretaria Estadual de Pernambuco (SES) pelo Governo do Mato Grosso do
Sul. A tecnologia permitirá o envio das informações das visitas em tempo real, agilizando a consolidação dos dados, além de otimizar a tomada de decisões pelos gestores municipais e estadual.
A SES já fez a entrega dos celulares com acesso ao aplicativo para os agentes dos sete municípios da 7ª Gerência Regional de Saúde, no Sertão, que tem atualmente o maior percentual de aumento nas notificações de dengue, chicungunha e zika. Serão 83 aparelhos, todos com acesso à internet. Até o fim deste mês, seis municípios do Agreste (Pesqueira, Sanharó, Alagoinha,
Ibirajuba, Poção e Jurema) também serão contemplados, com 65 celulares.
A expectativa é que, até o final do ano, todos as cidades pernambucanas já estejam utilizando a tecnologia. No ambiente online,
os agentes têm as informações da área em que atuam, poderão informar a situação das casas visitadas, os focos positivos para o Aedes, quantos foram tratados e se houve a necessidade de usar larvicida. Por ano, mais de R$ 1,8 milhão será investido para manutenção desse trabalho.