O músico, ator e dançarino pernambucano Helder Vasconcelos fechou o último espetáculo da trilogia que ele iniciou com os solos Espiral brinquedo meu (2004) e Por si só (2007). Ontem, em São Paulo, ele apresentou Foco, resultado deste processo criativo na Mostra Rumos Itaú Cultural Dança. "Um fio que liga os três solos é que de alguma maneira eles são biográficos. Outra coisa é o que conduz cada um dos solos. No primeiro, é o teatro, no segundo, a dança, no terceiro, é a música. Embora ele seja um trabalho cênico, a música é um fio condutor. Isto fecha a trilogia, eu sou músico, ator e dançarino. Amarro estes espetáculos três com isto também", afirma Helder.
Para criar o solo, o pernambucano está fazendo um intercâmbio com o grupo Clowns de Shakespeare (RN). No Barracão Clowns, sede do grupo em Natal, Helder já desenvolveu algumas etapas da pesquisa, ministrou uma oficina e apresentou seus dois solos anteriores. "Este contato entre nós já vem acontecendo há alguns anos. Eu e Fernando Yamamoto (fundador do Clowns) nos conhecemos quando fizemos uma oficina com o grupo Lume (Campinas). Naquela época, já trocamos várias ideias. Depois nos encontrávamos em festivais de teatro e surgia esta deixa para fazer uma parceria. A primeira foi com um espetáculo deles, O capitão e a sereia (2009), em que fiz a preparação corporal", lembra o artista.
Para desenvolver a parte corporal do trabalho, Helder tem assessoria da bailarina Valéria Vicente. Na parte musical, a parceria é com integrantes do Grupo de Pesquisa Mustic, da Universidade Federal de Pernambuco, mais especificamente João Tragtenberg e Filipe Calegário.
"Um item bem importante do processo é que estou aprofundando o uso de novos instrumentos. São recursos que têm muito a ver com minha criação. Junto com este grupo Mustic, a gente está desenvolvendo estes instrumentos digitais. Isto tem muito a ver com minhas características, esta relação direta entre música e dança, gesto e som. Então a gente está buscando instrumentos que revelem essa minha maneira de pensar e ver o mundo. Não é só um recurso técnico, é um jeito de ver o mundo. São instrumentos que, para eu tocar, preciso me movimentar. É um sensor que está no pé e que, para eu disparar, tenho que dançar. É uma plataforma na qual eu danço em cima e isto dispara sons", completa Helder.