Ingrid Guimarães em Razões para ser bonita

Atriz apresenta peça sobre aparência com texto de Neil Labute
Bruno Albertim
Publicado em 11/04/2014 às 6:26
Atriz apresenta peça sobre aparência com texto de Neil Labute Foto: Divulgação


Depois de 11 anos fazendo o Brasil rir na comédia Cócegas, Ingrid Guimarães era uma atriz na entressafra. Estava atenta, à procura de um texto, quando ganhou de Deborah Evelyn, sua colega numa novela, uma edição de Razões para ser bonita. Mal começou a leitura da primeira peça da trilogia do sempre ácido norte-americano Neil Labute sobre a aparência, tinha a certeza de ter encontrado sua próxima montagem.

“Todas as peças que eu monto tem a coisa da identificação do público, queria falar de algo que mobilizasse as pessoas. A obsessão com a aparência, os gastos com tudo isso, são muito grandes”, diz a atriz, reconhecida pelas notável comicidade, cujo humor vem sendo usado para traçar pequenos retratos sociológicos na TV. No Canal GNT, Ingrid conduz o programa Além da conta, sobre os delírios consumistas de brasileiros em viagem a Nova Iorque. “Vou começar a fazer a segunda temporada, em Miami”, diz ela, que hoje desembarca no Recife, para uma minitemporada de três dias, no Teatro Rio Mar, de Razões para ser bonita.


A direção é do onipresente João Fonseca (o mesmo diretor de Tim Maia - Vale Tudo, de passagem pela cidade semana passada). No elenco, estão o televisivo Marcelo Faria e os menos conhecidos Gustavo Machado e Aline Fanju. No roteiro, Steph (Ingrid Guimarães) fica sabendo que seu namorado Greg (Gustavo Machado) comentou com um amigo que acha o rosto dela "apenas comum". Termina a relação por não suportar conviver com um homem que não a ache bonita. Todos reféns, em maior ou menor medida, do status e das relações de poder ligadas à aparência.


“Ele (Neil Labute) tem um humor bem ácido, essa coisa cruel, de fazer a gente ri de próprio. De pegar um tema aparentemente simples, bobo, e se aprofundar na crueldade que ele esconde, a beleza é o pano de fundo, mas peça fala de amor, do trabalho massacrante, da coisa de trabalhar horas num trabalho maçante”, diz a atriz, que foi a Londres, ver uma das montagens do texto, ao lado do diretor João Fonseca. Antes, tinha assistido à montagem brasileira do texto Gorda com a pernambucana Fabiana Karla como protagonista.


Da viagem, trouxeram a certeza de que precisariam abrasileirar ligeiramente a dramaturgia. No original, um dos casais é formado por empacotadores de uma loja. “Tiramos os empacotares, os macacões de operário. Aqui, o trabalho massacrante é mais identificado com empresas. Aqui, a classe média trabalha tanto quanto os operários lá fora”, diz a atriz, por telefone, do Rio, logo antes de ter que desligar para gravar um quadro para o Fantástico.
Razões para ser bonita não deve ficar, definitivamente, como o anterior Cócegas, mais de uma década em cartaz. “Não é toda hora que um fenômeno acontece”, diz ela. Tampouco deve ter a duração de um sopro. “Tenho muita aflição desse teatro de hoje onde as pessoas montam tudo muito rápido. Eu sou uma atriz que foi formada no teatro, então, faço questão de ficar no mínimo um ano em cartaz”, diz. “Até porque, com Cócegas, cativamos um público tão grande no País que preciso sempre voltar com minhas montagens”.

Razões para ser bonita. No Teatro RioMar: 4º piso do RioMar Shopping - Av. República do Líbano, 251, Pina. Hoje: às 21h30; sábado: às 21h. Domingo: às 20h30. Ingressos à venda na loja do Jornal do Commercio no RioMar Shopping e site www.ingressorapido.com.br. Plateia: R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia). Balcão: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia). Duração: 100 minutos. Info: 3207-1144.

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