No início da década de 1950, Fazenda Nova, distrito do Brejo da Madre de Deus, era um lugar pacato e com pouca infraestrutura. Epaminondas Mendonça, figura proeminente da região, político e empresário, buscava uma forma de movimentar a economia local e melhorar os negócios. Foi então que, lendo a revista Fon Fon, tomou conhecimento da realização de uma encenação de rua sobre as últimas horas de vida de Jesus Cristo. Teve a ideia, então, de transplantar a ideia para o agreste pernambucano e, para isso, contou com a ajuda do filho Luiz Mendonça, que já flertava com as artes cênicas.
Em 1951, iniciam o Drama do Calvário pelas ruas da cidade. Tudo era feito com muito empenho, mas de forma precária. Dona Sebastiana, esposa de Epaminondas, coordenava junto com o marido e as economias da família eram investidas na empreitada. O espetáculo fez sucesso, mas não dava o retorno financeiro esperado pelo empresário. Cansado, passa o comando para o genro Plínio e a filha Diva.
Em 1962, já com algumas modificações, a apresentação se torna um sucesso inesperado. Era tanta gente que um muro desabou devido à quantidade de pessoas sentadas. Plínio decidiu, então, que era preciso de um espaço adequado que gerasse renda para continuar investindo no espetáculo. Surge a ideia de Nova Jerusalém. As apresentações na rua são suspensas até 1968, quando a cidade-teatro abre.
A transformação na cidade foi geral. Com o apoio dos governadores Nilo Coelho e Paulo Guerra, conseguem viabilizar verba não só para ajudar na construção, como também para oferecer infraestrutura para a cidade. Foi assim que, em 1967, a luz elétrica chegou a Fazenda Nova. A estrada também foi pavimentada, garantindo melhorias.
O turismo começou a crescer e o espetáculo a se consolidar. Em 1970, começam a utilizar áudios gravados e os atores passam a dublar em cena, a fim de sanar o problema da acústica, já que muitos não conseguiam ouvir o que se passava em cena. A evolução técnica passa a ser uma preocupação constante da produção da Paixão de Cristo.
“Temos pouca margem para inovar na história, que é um clássico e não se pode mexer. Então, temos que investir em novidades nos cenários e na encenação para que o público encontre sempre algo novo”, explica Robinson Pacheco, coordenador da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém.
Desde 1997, com a inserção dos globais, aumentou o refinamento técnico. O “padrão Projac” se reflete desde a mudança dos figurinos aos incrementos nos cenários, que passam por constantes revisões e também garantem maior apelo midiático. Só para o cinquentenário, foram gastos R$ 300 mil em modificações. Ao todo, são R$ 7 milhões para esta temporada, quantia que não deixa nada a dever a grandes nomes do showbusiness.
Segundo Robinson, ainda há muito a ser feito: nos seus planos constam investimentos futuros em “desdobramentos” da Paixão, com atividades complementares ao espetáculo.