Paixão de Cristo de Nova Jerusalém foi das ruas à superprodução

O que começou com uma pequena encenação em Fazenda Nova, virou atração nacional
Márcio Bastos
Publicado em 10/04/2017 às 21:26
O que começou com uma pequena encenação em Fazenda Nova, virou atração nacional Foto: Divulgação


No início da década de 1950, Fazenda Nova, distrito do Brejo da Madre de Deus, era um lugar pacato e com pouca infraestrutura. Epaminondas Mendonça, figura proeminente da região, político e empresário, buscava uma forma de movimentar a economia local e melhorar os negócios. Foi então que, lendo a revista Fon Fon, tomou conhecimento da realização de uma encenação de rua sobre as últimas horas de vida de Jesus Cristo. Teve a ideia, então, de transplantar a ideia para o agreste pernambucano e, para isso, contou com a ajuda do filho Luiz Mendonça, que já flertava com as artes cênicas.


Em 1951, iniciam o Drama do Calvário pelas ruas da cidade. Tudo era feito com muito empenho, mas de forma precária. Dona Sebastiana, esposa de Epaminondas, coordenava junto com o marido e as economias da família eram investidas na empreitada. O espetáculo fez sucesso, mas não dava o retorno financeiro esperado pelo empresário. Cansado, passa o comando para o genro Plínio e a filha Diva.


Em 1962, já com algumas modificações, a apresentação se torna um sucesso inesperado. Era tanta gente que um muro desabou devido à quantidade de pessoas sentadas. Plínio decidiu, então, que era preciso de um espaço adequado que gerasse renda para continuar investindo no espetáculo. Surge a ideia de Nova Jerusalém. As apresentações na rua são suspensas até 1968, quando a cidade-teatro abre.

A transformação na cidade foi geral. Com o apoio dos governadores Nilo Coelho e Paulo Guerra, conseguem viabilizar verba não só para ajudar na construção, como também para oferecer infraestrutura para a cidade. Foi assim que, em 1967, a luz elétrica chegou a Fazenda Nova. A estrada também foi pavimentada, garantindo melhorias.

CRESCIMENTO

O turismo começou a crescer e o espetáculo a se consolidar. Em 1970, começam a utilizar áudios gravados e os atores passam a dublar em cena, a fim de sanar o problema da acústica, já que muitos não conseguiam ouvir o que se passava em cena. A evolução técnica passa a ser uma preocupação constante da produção da Paixão de Cristo.
“Temos pouca margem para inovar na história, que é um clássico e não se pode mexer. Então, temos que investir em novidades nos cenários e na encenação para que o público encontre sempre algo novo”, explica Robinson Pacheco, coordenador da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém.

Desde 1997, com a inserção dos globais, aumentou o refinamento técnico. O “padrão Projac” se reflete desde a mudança dos figurinos aos incrementos nos cenários, que passam por constantes revisões e também garantem maior apelo midiático. Só para o cinquentenário, foram gastos R$ 300 mil em modificações. Ao todo, são R$ 7 milhões para esta temporada, quantia que não deixa nada a dever a grandes nomes do showbusiness.

Segundo Robinson, ainda há muito a ser feito: nos seus planos constam investimentos futuros em “desdobramentos” da Paixão, com atividades complementares ao espetáculo.

TAGS
Paixão de Cristo de Nova Jerusalém 50 anos de uma Paixão
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory