O ano que passou, definitivamente, não foi o melhor na vida de Tom Hanks. Há anos sem encontrar um grande papel para interpretar, de uma tacada só ele voltou aos holofotes com dois personagens incríveis. Para sua perplexidade, tanto Capitão Phillips, do filme homônimo, quanto Walt Disney, de Walt nos bastidores de Mary Poppins, não fizeram tanto sucesso e ele ficou de fora do Oscar.
Assim como em Capitão Philips, Tom Hanks está muito à vontade em Walt nos bastidores de Mary Poppins, que estreia hoje. Ele consegue expressar, de uma maneira viva e eficaz, a conhecida capacidade de criar e cativar do pai do camundongo Mickey e da mais famosa companhia de animação de todos os tempos.
O filme não é uma biografia de Walt Disney. Trata-se apenas de um pequeno período de sua vida, passada em 1961, quando ele precisou convencer a escritora P. L. Travers a assinar um contrato para a adaptação cinematográfica do romance Mary Poppins. Por cerca de 20 anos, Disney vinha tentando conquistar a escritora para contar a história da babá em um filme com pessoas, não apenas com animação. Emma Thompson, também esquecida no Oscar deste ano, está ótima como a escritora.
Com fama de irascível e arredia quanto ao valor dos filmes produzido por Disney, Travers só aceitou fazer a viagem para Los Angeles porque estava passando por agruras financeiras. Afinal, com o tempo as vendas do livro cessaram e a conta bancária ficou mais magra. O que mais surpreende é que o roteiro, assinado pela Kelly Marcel e Sue Smith, é bem mais ambicioso do que aparenta.
Elas entrelaçam duas histórias. Na atual, a escritora lida com Disney, o roteirista Don DaGradi (Bradley Whitford) e os irmãos Sherman (B.J. Novak e Jason Schwartzman), que compuseram as canções do filme. Na outra, assistimos à sua infância na Austrália, onde conviveu com o pai alcoólatra (Colin Farrell).
Diretor de estilo sólido, John Lee Hancock conduz Walt nos bastidores de Mary Poppins com eficiência e fluidez. Produção Classe A, bem na tradição da Disney, o longa capta um pouco da personalidade do Walt Disney e muito do jeito de ser P.L. Travers. As patadas que ela distribui resultam nos melhores momentos do filme.