Desde que a Marvel Studios tomou as rédeas das versões cinematográficas de seus icônicos super-heróis ficou claro que os fatos reais ganhariam um peso bem maior nas tramas de seus longas-metragens. Um dos primeiros personagens a assumir essa, digamos, visão política, foi o Homem de Ferro/Tony Stark, que já olhava para a questão armamentista e os conflitos no Oriente Médio.
Agora, com Capitão América: o Soldado Invernal, o segundo filme com o simbólico super-herói, existe de fato uma crítica ao totalitarismo e um gosto pelos thrillers políticos da década de 1970. O longa-metragem entra em cartaz, a partir desta quinta-feira, em 1050 salas de cinema do País. O espectador recifense tem várias opções de escolha para melhor usufruir o filme, a começar pela estonteante experiência audiovisual da novíssima sala Imax, da rede UCI Kinoplex, em 3D e em versões dubladas e legendadas em português.
Para mostrar que a empreitada é séria, o presidente da Marvel Studios, Kevin Feige, assumiu o cargo de produtor. Feige coordenou todo o processo de feitura do filme, inclusive a escolha dos irmãos Anthony e Joe Russo para a direção. Apesar de mais dedicados à TV do que ao cinema – assinaram poucos longas, entre eles os obscuros Tudo por um sonho e Dois é bom, três é demais –, os irmãos surpreendem (e muito) à frente de uma superprodução.
Os fãs do personagem não têm o que reclamar. Afinal, este é, de longe, o longa mais ambicioso da Marvel. Para começar, o ator Chris Evans está bem mais à vontade no papel e passa com perfeição a inadequação do soldado Steve Rogers, a persona privada do Capitão América. Como se sabe, Rogers passou 60 anos congelado até ser descoberto pela S.H.I.E.L.D. (Superintendência Humana de Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão), a organização paragovernamental americana que reúne os super-heróis para formar um time paralelo às Forças Armadas.
Cronologicamente, a nova aventura do Capitão América conecta-se com sua participação em Os Vingadores, quando Nova Iorque foi atacada pelos invasores Techauri. Mas a nova ameaça que paira sobre os Estados Unidos tem suas raízes na experiência do próprio Capitão América na Segunda Guerra Mundial. Dessa vez, a S.H.I.E.L.D., que foi criada para proteger o país – e consequentemente, seus cidadãos –, está em vias de apoiar uma medida que depõe contra a noção de liberdade defendida pela agência, a começar por seu principal líder, o implacável Nick Fury (Samuel L. Jackson, em sua melhor e maior atuação até agora na pele do personagem).
Uma das várias surpresas do filme é o excelente roteiro da dupla Christopher Markus & Stephen McFeely, principalmente na habilidade em colocar remanescestes da organização nazista Caveira Vermelha (H.Y.D.R.A.) infiltrados na S.H.I.E.L.D. A presença de Robert Redford, como um secretário de Estado à frente de um projeto polêmico, remete à carismática presença do ator em thrillers políticos como Três dias do condor e Todos os homens do presidente.
Além do Capitão América e de Nick Fury, o grupo ganha o reforço de Natasha Romanoff, a Viúva Negra (Scarlett Johansson, mandando muito bem, e de Sam Wilson, o Falcão (Anthony Mackie), em sua primeira aventura no cinema. Juntos, eles medem forças contra o misterioso Soldado Invernal (Sebastian Stan), que Steve Rogers descobre como sendo Bucky Barnes, um amigo que lutou com ele na Segunda Guerra.
Com uma história bem contada e cenas de ação impactantes, o filme alcança um equilíbrio raro entre todas as aventuras protagonizadas pelos super-heróis da Marvel já realizadas anteriormente. Sem medo de errar, Capitão América: o Soldado Invernal pode ser considerado como a obra-prima cinematográfica da casa.
Leia a matéria completa na edição desta quinta-feira (10/04) no Caderno C, do Jornal do Commercio.