Com as salas de aula se transformando em salas de cinema, os realizadores ganham mais vitrines para difundir suas produções, assim como encontram uma possibilidade de formar plateias – partindo do pressuposto de que os estudantes de hoje podem ser os cinéfilos de amanhã. Entretanto, cativar o público para o cinema nacional ainda se configura como um desafio para os próximos anos. “Não há um hábito de ir ao cinema para ver filme brasileiro”, disse à Agência Brasil (ABr) o professor da Universidade de São Paulo (USP) Marciel Consani, especialista em educomunicação.
Este exercício, como diz o dito popular, é para ontem. Sendo assim, alguns realizadores pernambucanos têm procurado se adiantar, de uma forma ou de outra, para levar os seus filmes às escolas. É o caso do cineasta Gabriel Mascaro, que distribuiu, por meio de recursos do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), o documentário Um lugar ao sol (2009) com um guia didático para professores do ensino médio.
“Nós disponibilizamos o produto que a gente acredita, mas são os professores que decidem como ele será usado. Por ser um longa, às vezes ele é exibido por partes. Se for bem utilizada, a ferramenta audiovisual pode estimular o pensamento crítico e a reflexão”, explica a produtora Rachel Ellis, responsável pela organização do material pedagógico de Um lugar ao sol. Segundo ela, a cartilha didática do filme Doméstica (2012), outro documentário de Mascaro, está em fase de finalização e será disponibilizada ainda este ano, possivelmente no projeto CineCabeça.
O diretor Marcelo Lordello também levou o seu último filme para as escolas do Recife. Após a exibição de Eles voltam (2012) na sala de aula, o cineasta participou de um debate com os alunos. Já Marcelo Pedroso distribuiu Pacific com uma cartilha de textos sobre o filme.
“Nas escolas, vamos ter a possibilidade de contribuir culturalmente para a formação social, a possibilidade de educar a criança para um olhar sobre a realidade brasileira, sobre o cinema brasileiro. O Brasil precisa de formação de plateia”, analisa o cineasta Cláudio Assis, premiado em festivais com os filmes Amarelo manga (2002), Baixio das bestas (2006) e Febre do rato (2011), exibidos em poucas salas comerciais.