Cinema acompanha conflito entre palestinos e israelenses com parcialidade

Cineasta locais e de todo mundo tentam entender a questão
Ernesto Barros
Publicado em 03/08/2014 às 10:09
Cineasta locais e de todo mundo tentam entender a questão Foto: Divulgação


Desde o início da primeira década deste século que o cinema voltou suas lentes para o conflito entre palestinos e israelenses. Além de realizadores que nasceram na região, as disputas territoriais na Faixa de Gaza levaram cineastas de todo o mundo a tentar explicar a violência e o clima de beligerância que envolve os dois povos.

A leva de filmes produzidos nos últimos 15 anos é considerável e se destaca pela preocupação em atingir espectadores de todas as latitudes ao mostrar histórias pessoais de palestinos e israelenses de uma maneira estritamente parcial. Até então, um ou outro filme citava o problema de raspão, com exceção de documentários realizados para a TV que se propunham explicar a situação sob um viés histórico ao tratar do tema a partir dos seus primórdios. 

É o caso de Palestina – A história de uma nação, realizado em 1992 pela francesa Simone Bitton. Sempre presente em debates universitários, o filme se encontra disponível no YouTube com legendas em português. 

O documentário é divido em duas partes, uma que se estende entre 1880 e 1950, compreendendo os tempos em que a região era povoada pacificamente por muçulmanos, judeus e cristãos, até a criação do Estado de Israel; e outra, que se situa entre 1950 e 1991, apresenta relatos da fuga de moradores árabes e a história das diversas guerras que assolaram a Palestina desde então, concluindo com as tentativas de acordos de paz.

A partir dos anos 2000, ficções e documentários jogam as as mais diversas luzes sobre a convivência entre palestinos e israelenses. Um dos primeiros foi o sensível Promessas de um novo mundo, de B.Z. Goldberg, Carlos Bolado e Justine Shapiro.

Durante três anos, o trio de documentaristas americanos acompanharam sete crianças palestinas e israelenses, entre 8 e 13 anos, que nasceram e vivem no mesmo lugar, mas que têm um cotidiano completamente diferente. As opiniões e pontos de vista das crianças, sobre crescer em um lugar marcado pelo medo e o isolamento, dão ao filme, realizado em 2001, uma esperança que a realidade dos homens se prontificou em sabotar.

Em 2005, o diretor palestino Hany Abu-Assad, que nasceu em Nazaré, em Israel, realizou um poderoso filme sobre juventude e compromisso político-religioso. Em Paradise now, ele contou a história de dois amigos de infância que são escalados como homens-bomba para um atentado suicida em Tel Aviv. 

No ano passado, Abu-Assad realizou outro longa-metragem potente. Em Omar, ele mostra como um jovem padeiro atravessa o muro que separa a Palestina e Israel para visitar a namorada. Omar já entrou na história ao se tornar o primeiro longa-metragem indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro representando a Palestina. Feito também no ano passado e indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2013, Cinco câmeras quebradas, de Emad Burnat e Guy Davidi, acompanha por cinco anos o assentamento de colonos israelenses na Cisjordânia e a expulsão dos palestinos que moravam na terra.

Mais velho que Abu-Assad e também natural de Nazaré, Elia Suleiman desde os anos 1990 realiza filmes sobre a questão palestina. Intervenção divina, de 2002, e O tempo que resta, de 2009, são testemunhos das várias faces da vida dos palestinos – dos relacionamentos amorosos à escolha de viver como minoria no lugar em que nasceram.

Alguns cineastas brasileiros também já fizeram filmes sobre a questão. Em 2010, os jornalistas paulistas Arturo Hartmann, João Carlos Assumpção, José Teles de Menezes e Lucas Justiniano ficaram em Israel e na Palestina por alguns meses gravando o documentário Sobre futebol e barreiras. “Nós pudemos ver como o futebol também se expressava como nacionalidade”, explica Arturo.

Leia a reportagem completa na edição deste domingo (3/8) do Caderno C, do Jornal do Commercio.

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