Em 50 anos de carreira, três documentários – entre os muitos já gravados – são essenciais para entender com plenitude e poesia do que são feitos a personalidade e os amores de Maria Bethânia. Dois desses filmes já são antigos: Bethânia bem de perto – A propósito de um show (gravado em 1966 e lançado em 2007), de Julio Bressane e Eduardo Escorel; e Maria Bethânia – Pedrinha de Aruanda (2006), de Andrucha Waddington. O terceiro, talvez a grande coroação desta tríade, acaba de ser lançado: O vento lá fora. Enquanto os dois primeiros mergulham na musicalidade e na relação familiar da cantora baiana, esse último envereda pelos caminhos dos versos que a encantam. É na poesia de Fernando Pessoa (1888-1935) que Maria Bethânia se completa.
Dirigido por Marcio Debellian, o filme é uma leitura poética dos textos do autor português feita por Bethânia na companhia e condução da pesquisadora e escritora Cleonice Berardinelli, imortal da Academia Brasileira de Letras e especialista na obra de Pessoa.
Em pouco mais de uma hora, o documentário revela ao espectador a beleza da literatura do escritor ao mesmo tempo que, pela explicação de dona Cleo (como também é conhecida), traça uma espécie de biografia dele e comentários de suas obras. São a aprendiz e a mestra juntas.