Pernambucano transforma em curta-metragem conto de Stephen King

O curta-metragem Zornit é uma livre adaptação do conto A Balada da Bala Flexível, presente na antologia Tripulação de Esqueletos, de Stephen King
JC Online
Publicado em 07/11/2017 às 17:06
O curta-metragem Zornit é uma livre adaptação do conto A Balada da Bala Flexível, presente na antologia Tripulação de Esqueletos, de Stephen King. Foto: Foto: Divulgação


Fã de Stephen King desde a adolescência, o estudante de cinema Marcello Trigo transformou no curta-metragem Zornit o conto do mestre da literatura sobrenatural A Balada da Bala Flexível, presente na antologia Tripulação de Esqueletos. O conto narra a história de um escritor decadente que recebe a visita de um alien em sua casa e começa a enlouquecer. Com direitos cedidos pelo projeto Dollar Babies - que viabiliza por um dólar os direitos autorais dos contos não vendidos para nenhum estúdio de cinema -, o resultado dessa livre adaptação pode ser conferido hoje, às 20h30, no Cinema do Museu, em Casa Forte. A exibição integra o espaço Toca o Terror na programação do X Janela Internacional de Cinema do Recife.

De acordo com Marcello, o monstro original do conto - que conta com mais de dez personagens - é um duende, o que dificultaria sua produção. "Então, eu o transformei numa lesma alienígena, pois assim o boneco resultante seria um fantoche, mais fácil de manipular", conta. Foi aí que o duende chamado Fornit virou Zornit. E o personagem central, o escritor Reg Thorp, recebeu o nome de Régis Porto (Carlinhos Duarte), dando o toque abrasileirado à produção. "Muitas das histórias de King adaptadas para as telas têm o toque pessoal do diretor que as transcreve. Com o meu produto não foi diferente", explica.

Dos dez personagens de A Balada da Bala Flexível, Marcello fez uso apenas de três. "Eu não teria como adaptar tudo. Hoje eu posso dizer que a história tornou-se mais minha do que do King, dado o fato de que mantive apenas a essência", declara, relatando que levou dois meses para escrever o roteiro justamente porque teve que arranjar uma forma de enxugar a história original para os seus propósitos. Do roteiro à finalização, o estudante levou um ano. Ele contou com a ajuda de colegas do curso de cinema e apoio das produtoras Fênix Filmes e Viucine.

Com seus olhos brancos e expressões perturbadoras, Carlinhos Duarte encarna muito bem o papel de Régis. Ele foi escolhido para interpretar o protagonista sem passar por teste. "Eu já conhecia Carlinhos de testes para os filmes dos meus colegas de curso", conta. Inclusive, foi o intérprete que indicou Surete Martins para incorporar o papel de sua esposa. A atriz Emília Marques completa o elenco, como uma androide travestida de uma espécie de testemunha de Jeová.

O que instigou Marcello a tornar a história mais sua foi a segunda cláusula no contrato da adaptação, obtido através do site de King. "Essa cláusula diz que o nome de Stephen King só pode figurar em entrevistas sobre o projeto. Eu não posso dar um destaque nos pôsters, nem nos trailers, por exemplo", explica. Fora esse um dólar enviado a Stephen King, o que foi irrisório, mas muito representativo para o diretor, foi gasto em torno de R$ 3 mil com a produção, contando com o valor da locação do apartamento, que fica no bairro da Soledade, no Centro do Recife. "Pelos padrões atuais é pouco, apesar de não ser um valor pequeno. Não se pode fazer filmes dessa envergadura sem gastar nada", afirma.

Em referência ao antigo seriado Além da Imaginação, o curta conta com efeitos especiais retrôs, como o portal tridimensional do alien. "Tudo o que envolve efeitos no meu curta foi pensado já na fase de roteiro. Temos uma vantagem de custo/benefício sob as produções da década de 1960. Ela se chama After Effects", brinca, ressaltando que bastante coisa foi produzida artesanalmente, como o Zornit, que é um boneco prático de borracha. "Somos cineastas iniciantes, por enquanto, sem lei de incentivo alguma. Então, o que valeu foi a criatividade".

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