'Apollo 11' volta em novo documentário com cenas inéditas

Exibido no Festival de Sundance em janeiro, o documentário traz imagens inéditas dos primeiros passos do homem na lua
AFP
Publicado em 12/03/2019 às 12:19
Exibido no Festival de Sundance em janeiro, o documentário traz imagens inéditas dos primeiros passos do homem na lua Foto: Cassidy Sparrow/Getty


O novo documentário "Apollo 11", que conta a história dos primeiros passos do homem na Lua, contém imagens surpreendentes que permaneceram ocultas por quase cinco décadas. O filme - que estreou em Sundance em janeiro e chegou aos cinemas dos Estados Unidos este fim de semana - traz nova vida à missão espacial mais famosa de todos os tempos, realizada entre 16 e 24 de julho de 1969. 

O documentário combina imagens conhecidas com tesouros perdidos durante muito tempo, encontrados em um depósito dos Arquivos Nacionais e digitalizados pela primeira vez. 

"Cinquenta por cento do filme são imagens que nunca tinham sido vistas antes, mas o certo é que, em termos de qualidade, 100% nunca foi visto até agora, porque voltamos a escanear o conjunto do material'', contou o diretor Todd Douglas Miller à AFP em uma entrevista.

As imagens são fascinantes: as cores, o gigantesco ônibus da Nasa usado para carregar o enorme foguete Saturn V que lançou a tripulação ao espaço enche toda a tela no cinema. As tomadas foram algumas das muitas que se encontraram em 177 rolos de 65 mm descobertos por Dan Rooney, supervisor da seção de filmes dos Arquivos Nacionais. 

Encontrou-os mal etiquetados, sem nenhuma indicação de seu conteúdo, com exceção de um genérico "Apollo 11", em uma instalação de armazenamento refrigerado nos subúrbios de Maryland. "Sabíamos que existiam estes grandes formatos, mas foi necessária muita pesquisa para entender o que realmente havia ali", disse Rooney, que trabalhou com Miller para levar essas imagens às telonas. "A verdadeira descoberta foi obter informações novas sobre o conteúdo e a qualidade do material", acrescentou. 

No total, os Arquivos proporcionaram à equipe 279 rolos de filme de 16, 35, 65 e 70 mm. Os de 65 mm e 70 mm eram considerados um formato de luxo em sua época, e eram utilizados no cinema nos anos 1950 e 1960. Só uma parte do tesouro foi usada para o filme de 1972 "Moonwalk One". 

Há mais filmagens?

A Nasa tinha usado formatos grandes para filmar operações terrestres no Centro Espacial Kennedy, e na nave utilizada para trazer de volta à Terra os astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins ao final de sua missão histórica. À medida que a câmera se desloca da parte superior para a parte inferior do foguete, os espectadores se dão conta de sua enormidade, enquanto os astronautas colocam seu trajes em silêncio. 

Também se captura a febril expectativa do público geral da época, com milhares de pessoas dirigindo-se a Cocoa Beach para ver o lançamento. Na sala de controle em Houston, pode-se ver filas e filas de engenheiros homens com camisas brancas e gravatas escuras, o que contrasta com as equipes mais equilibradas em termos de gênero que há na Nasa e na SpaceX hoje.

Também há imagens em formatos menores, feitas pelos astronautas a bordo da Apollo e na Lua, que já estavam no YouTube. Mas o diretor voltou a digitalizar algumas que antes se viam em uma qualidade baixa, como as da aterrissagem do módulo lunar Eagle, e brilhantes fotos coloridas capturadas pela equipe completam a imagem. 

O sucesso do filme está em sua perfeita combinação do icônico com a redescoberta em uma narrativa única e fluida, que em ocasiões se vê em telas divididas. A única locução é da época: os espectadores são guiados pela voz do falecido apresentador da CBS Walter Cronkite e pelas comunicações por rádio entre os astronautas e "Houston", que foram sincronizadas com as novas imagens. 

Nos Arquivos Nacionais, uma equipe de 25 pessoas está trabalhando para terminar de digitalizar os rolos de filme redescobertos para torná-los públicos. Rooney diz que é provável que tenha sido encontrado todo o material relacionado com a Apolo 11 e em posse dos Arquivos, mas acrescenta: "Não posso dizer com segurança que não existam mais em outro lugar".

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